segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Capítulo 7

- BEN X TEUSCHER -

Já passavam das três da tarde quando a reunião havia terminado e agora Ben verificava algumas matérias que deveriam ser notícia em primeira página para o jornal do dia seguinte. Eram assuntos de política, movimento do partido verde, nova eleição para a escolha do próximo candidato para Bundeskanzler, aumento da gasolina, notícias internacionais etc, etc e tal.
-Você ouviu no rádio alguma coisa sobre o corpo de uma mulher que foi encontrado esta madrugada no rio Reno? - perguntou Arthur.
-É, eu ouvi alguma coisa, mas eles não disseram muita coisa, parece que a polícia não tem muitas pistas, essa cidade está ficando perigosa.
-Você já abriu a sua caixa eletrônica hoje?
-Não, por que Arthur, alguma coisa importante?
-Nada em especial. Mas nas últimas vinte e quatro horas, recebemos muita crítica sobre a conduta de Georg. Prepare-se, pois vamos ter maus tempos por aqui.
-Você está falando sobre o novo escândalo que ele se meteu, toda a cidade está comentando. Mas esta não seria a primeira e nem a última encrenca com mulheres que ele se mete. E o pior de tudo, é que Karin não acredita em nada que se diz por aí. Ela é cega por ele.
-Sorte a dela, assim ela não sofre.

Nesse momento a secretária de Ben entrou e foi logo dizendo:

-Um certo inspetor chamado Teuscher telefonou no final desta manhã querendo falar com você Ben. E deixou o número do celular dele para que você fizesse contato.

Os muitos anos já davam à secretária uma intimidade quase familiar com Ben.

-Você o conhece, Ben? - quis ela saber.

-Eu? Eu não. O que será que ele quer? - Respondeu entregando-lhe a pasta com a matéria assinada e aprovada para ser impressa.

Ela se retirou sem fazer maiores comentários.

-Aconteceu alguma coisa, Ben? Você se meteu em alguma encrenca? Pra dizer a verdade você anda com uma aparência horrível. Parece que você não dormiu nada esta noite.

-E quem poderia dormir bem tendo Steffi por perto? - lá estavam eles esquecendo do tal inspetor.

-Problemas novamente com ela? Eu pensei que as coisas haviam melhorado entre vocês.

-Melhorou um tempo, mas agora tudo voltou como era antes. É a mesma coisa de sempre. Sabe o que ela quer? Que eu lhe faça um filho.

-Um filho?! - perguntou Arthur.

-É, vê se pode? Tudo isso porque neste final de semana visitamos o meu irmão, e todas as vezes que vamos lá, Steffi volta pra casa com essa idéia fixa de ter um filho comigo, nem que eu tivesse enlouquecido. Pra ser mais exato eu não quero filho com ela e nem com ninguém. Não quero colocar um filho neste mundo maldito. Fico feliz que Georg se tornou pai, pois este também era o desejo do meu pai para dar continuidade ao nome da família. - disse Ben num desabafo irônico. - Eu espero ao menos que Victor, tenha mais dos Austrin do que dos Hallmanns.

-É, eu sei. Mas... trocando de assunto. O que é que esse inspetor quer de você?

-E eu é que vou saber?


-Você vai ligar para ele? - perguntou Arthur pegando o papel que a secretária havia deixado ali.


-Eu não vou ligar para ninguém. Com certeza ele deve estar querendo fazer nome e pensou que eu poderia estar interessado nos casinhos que ele já resolveu para uma história no nosso jornal. Só que o que ele não deve saber, é que esse jornal aqui é sério e não escreve nada sobre crime, esses casos horrorosos que acontecem pela cidade. Nós fazemos um jornalismo sem esses sensacionalismos, sem sangue, sem sujeira. Se ele tornar a ligar diga-lhe que eu viajei e que você não sabe quando eu volto.

Mas as coisas não seriam tão fáceis como Ben estava pensando, pois no finalzinho da tarde lá estava o inspetor Teuscher sendo conduzido a sua sala.

- Permita-me apresentar: Eu sou o inspetor Teuscher e este é o meu assistente. - falou assim e estendeu a mão para cumprimentar tanto a Ben quanto a Arthur.

Ben e Arthur estavam surpreendidos, pois não esperavam que ele fosse até lá.

-O senhor não recebeu o meu recado, senhor Hallmann?

-Para ser sincero senhor...?

-Teuscher.

-Senhor Teuscher, eu tenho no momento muito trabalho. Eu não sei se o senhor sabe mas aqui funciona um jornal onde todos os dias já bem cedo precisa estar circulando pela cidade.

-Entendo e não vou tomar muito o seu tempo, por isso mesmo vou direto às perguntas.

-Não estou entendendo. - disse Ben.

-Já vai entender quando eu começar a clarear a sua mente.

-Então vamos lá inspetor. O senhor não gostaria de sentar-se? Tomar um café? - ofereceu Ben tentando ser amigável, já que ele sentiu um tom meio estranho na voz do inspetor.

-Não senhor Hallmann, eu não quero me delongar. Como o senhor mesmo me disse: O senhor é um homem ocupado demais. - e assim ele tirou do bolso o seu caderninho de anotações, o abriu e começou a fazer as perguntas:

-Senhor Hallmann, onde o senhor esteve nas últimas vinte e quatro horas?

-O quê? - Ben assustou-se com a pergunta dele. Ele jamais pensou que eles estavam ali para interrogá-lo, ele havia pensado que queriam uma entrevista para o seu jornal, mas chegar assim fazendo um interrogatório sobre a sua vida particular, isso jamais havia passado pela sua cabeça.

-Espere aí inspetor. - quis Arthur se intrometer.- Com quê direito o senhor chega aqui para interrogar o senhor Hallmann dessa maneira?

-Se ele não tem nada a esconder, ele mesmo poderá responder sem problemas. - disse Teuscher desafiando-o.

-Não se preocupe Arthur, eu não tenho nada a esconder. Assim como hoje e todos os dias, eu estive trabalhando aqui no jornal, o senhor pode perguntar a minha secretária.

-E a que horas saiu daqui ontem?

-Não sei ao certo, já era bem tarde.

-O senhor não poderia ser mais exato?


-Não muito inspetor, pois estamos trabalhando numa nova revista e eu me demorei mais do que o costume.

-E alguém estava com o senhor?

-Eu estava com Ben, inspetor.

-Quem é o senhor?

-Ele é Arthur Kostner o meu braço direito aqui na redação do jornal. - respondeu Ben.

-E então senhor Kostner, até que horas o senhor esteve na companhia do senhor Hallmann?

-Mais ou menos até às vinte e três horas, creio eu.

-E depois?

-Depois nós fomos embora.

-O senhor foi direto para casa, senhor Hallmann? Alguém o viu? - perguntou Teuscher.

-Não, ainda fui comer alguma coisa.

-E posso saber aonde, estava acompanhado?

-Em algum restaurante na Altstadt. - mentiu Ben pensando em se ver livre das interrogações dele.

-O senhor não poderia ser mais preciso, senhor Hallmann?

-Posso lhe dar o telefone do restaurante se o senhor assim o desejar e poderá perguntar até o que eu comi.- respondeu Ben já perdendo a paciência. É claro que ele não havia estado em restaurante algum depois das vinte e três horas, ele simplesmente havia comido um Kebab, um pão turco com carne de ovelha assada e picada com creme de alho e salada verde. Mas ele também sabia que tinha muitos conhecidos e bastaria um curto telefonema para algum restaurante de nome confirmar o álibi dele.
-Nisso não estou nem um pouco interessado, mas quando o senhor saiu de lá e para onde foi depois, isto sim, me interessa e muito.
-Eu posso ao menos saber o por quê deste interrogatório? Desde quando um cidadão livre e trabalhador tem que dar informação para a polícia de cada passo que dá?
-Eu posso entender a sua irritação senhor Hallmann. O senhor ouviu as notícias hoje? Ouviu sobre o caso da mulher que foi encontrada morta no rio Reno esta madrugada?
-Sim ouvi e lamento muito que uma coisa desse tipo esteja acontecendo em nossa cidade. Mas o que eu tenho a ver com isso?

Teuscher pôde observar no olhar de Ben uma certa irritação, ele só não podia explicar o que significava, pois não o conhecia o suficiente. O fato dele ser um inspetor há tantos anos fez dele uma pessoa particularmente desconfiada e até que tudo prove o contrário ele iria até o fim do mundo para achar o assassino fosse ele quem fosse.

- Pois é, senhor Hallmann um casaco seu de inverno foi achado esta madrugada cobrindo o corpo dessa mulher assassinada.


-O quê? - admiraram-se ao mesmo tempo Ben e Arthur.

Ben deixou-se escorregar pela poltrona e teve que equilibrar-se para não cair.

-Um casaco meu? Cobrindo o corpo de uma morta? O senhor não acha que quando alguém pensa em matar uma pessoa a primeira coisa que vai fazer é tomar cuidado em não deixar pistas para a polícia? - falou em sua defesa.

-Pode até ser senhor Hallmann, mas o fato é que temos um cadáver e uma prova.

-Inspetor deve haver algum mal entendido nessa história. - intercedeu Arthur.

-Sinto muito senhor Hallmann, mas o senhor terá que ir à delegacia prestar depoimento e reconhecer o seu casaco de inverno.

-Ben, não responda mais nada sem o seu advogado. - falou Arthur em sua defesa.

Ben estava boquiaberto, aturdido. Imagina, ele sendo suspeito de ter matado uma mulher. Só se essa mulher fosse Steffany. - pensou.

-Linda a sua coleção de caravelas em miniaturas. O senhor tem muitos espalhados pelo escritório. - observou Kling, pois ele coleciona motos em miniaturas.

-Será que colecionar navios é proibido ou será que vou precisar relatar isso para a polícia também? - Ben estava revoltado com a situação que se apresentava ali. E já não sabia mais receber um elogio.

Teuscher e Kling perceberam que o senhor Hallmanns estava perdendo a paciência com eles e ele procurou ser o mais curto possível.

- Senhor Hallmann, eu gostaria que o senhor, assim que pudesse, livremente viesse nos prestar um depoimento sobre esta noite. Onde esteve, com quem esteve e a que horas saiu de cada lugar. Não nos leve a mal, nós só estamos fazendo o nosso trabalho assim como o senhor faz o seu. Muito obrigado e aqui está o meu cartão. Passe muito bem.

Já do lado de fora do prédio Teuscher e Kling enrolaram seus cachecóis nos pescoços protegendo-se do frio. Teuscher acendeu o seu velho cachimbo e tornou a olhar para cima olhando bem o grande prédio do qual acabara de sair.

-O senhor não acha que é muita coincidência para uma pessoa só?- perguntou Kling.

-Coincidência até demais meu rapaz. Ele foi muito evasivo em suas respostas e estava muito impaciente. Temos que ficar de olho neste homem, algo me diz que ainda vamos ter muitas surpresas com ele.

-Mas como poderia ser que uma pessoa como ele poderia deixar uma pista dessas para a polícia? É, porque alguém que tenciona matar uma outra pessoa toma todos os cuidados para não deixar nenhuma pista, como ele mesmo disse.

-Talvez meu caro Kling, sendo as pistas tão evidentes como elas são, qualquer um teria essa mesma desculpa para dar a polícia depois de perceber que cometera o erro de deixar uma pista dessa solta no local e sendo assim quem sabe a polícia iria descartá-lo como suspeito e procurar uma outra pista?
-E se for assim, chefe, como ele falou? E se alguém estiver querendo incriminá-lo?

-Tudo é possível, Kling e até que algo prove o contrário, todos são suspeitos, meu jovem.

-Se o senhor me permite chefe, eu vou voltar ao local onde o corpo foi encontrado, quero ver se ainda descubro algo.

-Já está muito escuro Kling, e logo vai nevar.

-Mas quero ir assim mesmo.

Uma coisa Teuscher não tinha dúvidas neste caso: A vítima foi executada por profissionais, ou o melhor as vítimas. Mas por quê? E como explicar o rosto envelhecido e o corpo tão jovem? Esses pensamentos fervilhavam-lhe a cabeça. E os dedos cortados? Os dentes arrancados? Pelo inchaço dos dedos será que a vítima sofrera tudo aquilo mesmo antes de morrer como Igor havia dito?

E quando será que tudo isso se deu? Por outro lado ele também aguardava melhores informações das outras vítimas que também foram encontradas mortas nos outros países nas mesmas condições.

Teuscher sabia que os testes dos laboratórios demorariam ao menos três dias, mas ele nao queria saber de esperar coisa alguma. É claro que em vinte e quatro horas se pode ter um parecer, mas Teuscher não queria nenhum parecer, o que ele queria eram dados mais concretos para saber em que direção seguir. - Se é que se pode ter uma direção para seguir nesses casos.


- IGOR -

A primeira confirmação do patologista só veio confirmar as suspeitas de Teuscher e de seu assistente Kling: De que ao menos esta vítima sofreu torturas antes de morrer. Com certeza ela desmaiara de dor. Que loucura era aquilo tudo? E as outras, teriam morrido assim também? Será que sofreram tal atrocidades também? E por quê? Que segredo elas teriam em comum entre si? Era impossível retratar a cara de horror que Teuscher fazia. Eles precisavam de mais tempo no exame dos corpos. E isso era tudo o que eles tinham no momento. As informações faltavam para maiores esclarecimentos.
Teuscher sabia que eles precisavam acima de tudo descobrir o que levara o envelhecimento precoce daquela mulher ou melhor dizendo daquelas mulheres. Essa era uma das perguntas que martelava a cabeça dele. E que história era aquela dos laudos médicos: que as mulheres nao tinham vagina. Santo Deus! O que era aquilo? Como isso podia ser possível?

Teuscher do seu celular ligou para o laboratório.

-Igor, sou eu, Teuscher. O seu amigo legista já chegou?

-Ainda não. Ele está vindo de Stuttgart, ele é um antropólogo muito bom por sinal, deverá chegar logo pela manha bem cedo.

-Eu gostaria de saber a que horas a vítima morreu.

-É difícil de dizer meu velho amigo.

-Tente por favor, Igor.


Havia na voz de Teuscher uma imploração, não era uma ordem que ele lhe dava, como costumava fazer na maioria das vezes com os outros patologistas comuns, mas no caso de Igor ele sabia que era um especialista de primeira, que o que ele colocasse no laudo ninguém poria dúvidas. Eles já vinham trabalhando juntos há mais de 20 anos. Havia um respeito profissional entre eles e mais ainda, havia confiança no trabalho de ambas as partes.

-
Peter. - era assim que Igor Schneider o chamava na intimidade. - Eu estou trabalhando no corpo desde que ele saiu lá do local, você sabe que horas são agora? Passa um pouco da meia-noite, você tem idéia de quantas horas eu já estou aqui trabalhando? Faz agora mesmo um total de 16 horas. Eu não consegui ir muito longe, eu preciso de tempo e de mais dados para a minha pesquisa. O que eu posso te dizer com certeza é que o corpo foi congelado muitas horas antes de ser levado para aquele lugar. Quando abri o corpo, ele ainda estava congelado por dentro e eu não podia usar nenhum artifício para o descongelamento, senão eu corro o risco de perder qualquer informação para uma prova mais exata, e isso no momento está muito difícil, devo te confessar, meu amigo. Eu nunca vi nada parecido em toda a minha vida profissional. Eu tenho que esperar cada passo pacientemente e se eu perco qualquer chance de obter uma prova nós podemos esquecer este caso e isso eu sei que você não quer de jeito nenhum. Por outro lado, Peter, o local onde o corpo foi deixado, não ajuda muito, à beira de um rio... Mas fica calmo, você será como sempre o primeiro a ser informado sobre a situação.

-Obrigado, Igor. - havia gratidão na voz de Teuscher.

Logo depois de falar com Igor, ele ligou para Kling seu assistente.

-É Teuscher, você voltou ao local e então alguma novidade?

-O local ficou o dia todo cheio de detetives. Eles vasculharam tudo e interrogaram todo mundo que mora ali. Mas as pessoas nada viram, nada ouviram. O bêbado que dorme sempre aqui num dos bancos, pra variar, estava mais bêbado que tudo.

- Inspetor, estamos no que podemos chamar de beco sem saída, estamos tateando no escuro. Eu te passei as informações via fax. Você não as recebeu?

-Sim recebi, mas estou muito cansado para lê-las, preferi ouvir as novidades de você. Amanhã vou ler os meus apontamentos para fazer alguma comparação. Boa noite Kling, e muito obrigado por tudo.

-Eu ainda não acabei inspetor. A notícia da mulher encontrada morta na beira do rio será manchete em todos os jornais amanha.

-E qual é o problema? A cidade toda já sabe que uma mulher foi encontrada morta no rio Reno.

-Mas não que a polícia desconfia de um cidadão muito conhecido na sociedade, e o senhor pode imaginar que nome amanhecerá impresso nas primeiras páginas dos jornais da cidade? Foi impossível manter um segredo desses.

-Mas que merda! Como isso foi acontecer?

-A notícia vazou por algum dos policiais.

- Qual foi o idiota que deixou isso vazar?

-Ainda não sabemos, mas o senhor pode imaginar como é, não é? Por um punhado de dinheiro tem gente que vende até a mãe.

-Sim é verdade, mas isso não podia ter acontecido de jeito nenhum. E quanto ao corpo, como ele estava deformado, a imprensa também descobriu alguma coisa?

-Quanto a isso não.

-Menos mal.

-Kling eu gostaria que você fizesse um levantamento do passado do senhor Hallmann, tudo o que você puder descobrir me traga, vamos ver se ele tem a vida limpa.

-Certo inspetor.

-Boa noite, Kling.

-Boa noite e sonhe com os anjos. - Disse Kling num tom zombador, pois conhecendo o inspetor Teuscher do jeito que conhecia, ele sabia que custaria a dormir, se é que chegaria a fazer isso nesta noite.

Kling era assim muito brincalhão. Fazia sempre o serviço com muito humor. Seria futuramente um excelente profissional, pois ele era ainda muito jovem, e já demonstrava ser bom naquilo que fazia.

Ben estava chocado, pois ele mesmo não podia imaginar que um dia seu nome seria impresso na primeira página de um jornal como suspeito de um crime.

O título vinha em negrito: O que fazia o casaco de Benjamin Hallmann no corpo da morta que foi encontrada na Altstadt?”

Ben ficou por alguns minutos a olhar o vazio.

Isso o fez lembrar anos atrás quando ele fora suspeito de assassinato no caso de Richard. Ele passou as mãos pelos cabelos, respirou fundo e sentiu cheiro de encrenca e das boas. Certamente, a polícia iria vasculhar sua vida para ver se ele já tivera antecedentes e Richard iria aparecer. Ben sentiu um gosto amargo na boca, toda a história iria se repetir, tudo o que ele tentou fugir anos e anos, agora viria à tona boiando como fezes na água do mar. Ele era um homem marcado pelo passado.

Lembrou-se do inspetor que estivera em seu escritório e sinceramente não sabia se deveria procurá-lo ou não, pois ele não tinha nada para esclarecer ou teria?

Quando Arthur leu o jornal naquela manhã ele sequer poderia imaginar que a desova já havia começado, pois Steffany, Klaus e Georg nada lhe disseram. Ele estava fora do caso e possivelmente seria a próxima vítima na lista de Klaus.

Ele também ficou chocado com o que leu e não podia imaginar que Ben cometera um assassinato, alguma coisa nesta história não batia.

Arthur tentou ligar para Ben, mas o seu celular estava desligado. Ele possivelmente já deveria ter lido os jornais naquela manhã pensou ele.

-Esses jornais sanguinários, só fedem a sangue! - reclamou Arthur.