segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Capítulo 2

- RICHARD LACOND -

Sexta-feira à noite...

Passavam cinco minutos das dezenove horas quando a campainha do apartamento de Gabriella tocou. Ela achou que fosse Ben, mas ele tinha as chaves, não precisava tocar.

- Danadinho, me disse que não viria só para me fazer uma surpresa. - pensou Gabriella com os seus botões. Mas ao abrir a porta deparou-se com Steffany, a qual a fez gelar da cabeça aos pés sem saber e entender bem porquê. Mas controlou-se e convidou-a para entrar.

- Me desculpe recebê-la de roupão, eu acabei de sair do banho, eu pensei que...

- Que fosse Ben? - retrucou Steffany.

Ela lhe roubara as palavras da boca. Gabriella estava meio sem jeito, sem saber muito bem o que dizer. Embora Steffany houvesse concordado com o divórcio, esta era a primeira vez que estava frente a frente com ela e a sensação que Gabriella tinha era um pouco constrangedora. Foi Steffany quem quebrou o gelo.

- Você me oferece uma bebida?

- É claro, que bobeira a minha de nem lhe oferecer alguma coisa para beber. Um whisky, não é mesmo? Não é isso o que você gosta de beber? - perguntou Gabriella querendo descontrair-se.

- Vejo que você não se esqueceu, nas poucas vezes em que estivemos juntas.

- Sim, Ben sempre diz que você não dispensa um bom whisky por nada neste mundo.

-Não me acompanha na bebida? - Gabriella estranhou a pergunta, num primeiro impulso pensou em dizer-lhe que estava grávida de Ben e que por isso ela sentia muito em não acompanhá-la, mas depois pensou que nem mesmo ele ainda sabia que iria ser pai, e não seria justo que uma outra pessoa que não fosse ele viesse a ser o primeiro a saber.

- Não estou muito bem do estômago, Steffany, sinto muito em não acompanhá-la.

-Entendo. - Bem, não vou fazer muitos rodeios para lhe dizer o que vim fazer aqui, até porque eu não quero que você se resfrie nesse roupão, mas achei que você deveria conhecer um pouco melhor a vida de Ben, pois afinal vocês querem se casar, não é mesmo?

Gabriella não estava entendendo muito bem aonde ela queria chegar, mas ainda podia se lembrar que ela respondera alguma coisa a Steffany.

-Acho que o que eu conheço de Ben já é mais do que suficiente. - Falou assim e passou a mão pela barriga procurando sentir alguma reação do filho que estava guardado ali dentro.

-Eu não gostaria que você me levasse a mal, mas me entenda, nós duas somos mulheres e podemos perfeitamente nos entender. Sente-se aqui a meu lado, tenho algumas fotos para lhe mostrar.

E dizendo assim começou a tirá-las do envelope que trazia. Gabriella não estava entendendo o que Steffany queria com tudo aquilo.

-O que significam essas fotos de Ben com esse rapaz? Isso deve ser uma brincadeira, não é Steffany? Trata-se de fotomontagem, não é mesmo? Sei bem como se faz isso.

Gabriella estava aturdida sem entender direito o que Steffanny queria.

- Nada disso que você está dizendo é verdade, Gabriella. Na verdade, Ben até hoje não quis admitir esse seu lado, digamos assim: feminino, compreende?

Não, ela não poderia entender. Gabriella sentiu que o chão lhe faltava embaixo dos pés, isso não podia ser verdade, não partindo do homem que ela amava, não do pai do filho que ela estava esperando. Steffany começou a contar-lhe toda a história.

- Eu sinto muito Gabriella, mas achei que você deveria saber toda a verdade. Ben me pagou muito dinheiro para que eu ficasse com ele todos esses anos. É claro que eu nunca pensei em me divorciar dele, pois jurei no leito de morte de seu pai que jamais o abandonaria. O pai de Ben tinha verdadeiro horror de que numa recaída, ele colocasse todo o patrimônio a perder e o que seria ainda pior, um escândalo acabaria com a carreira política de Georg. Mas sabe, eu tenho convivido com Ben todos esses anos, eu o tenho como um irmão. Na verdade eu sempre fui mesmo é apaixonada por Georg, o irmão dele.

-É, eu sei, isso ele me falou.

-Toda esta história que eu estou te contando aconteceu no nosso tempo de universidade, todos nós éramos muito jovens e numa festa sempre pinta de tudo, inclusive um baseado na jogada. Todo mundo faz coisas que depois nem se lembra mais, você sabe como é. Eu tenho convivido com Ben todos esses anos e para ser franca eu nunca o peguei com outro homem. Na verdade ele e Arthur são muito discretos. - E tudo soou ao ouvido de Gabriella como uma bomba, parecia que alguém queria envenená-la com aquela revelação.

- Ben e Arthur?! - Ela estava surpresa e mal conseguia disfarçar o espanto. O ar lhe faltou e ela pensou que por alguns segundos os sentidos lhe iam faltar. Mil idéias lhe cortaram o pensamento neste momento. - Então foi por isso que Arthur se aproximou de mim se fazendo de amigo! Foi ele quem me aconselhou a deixar Ben há um ano atrás dizendo que todos no jornal já faziam os seus comentários… E eu idiota acreditei em tudo! Mas por quê? É claro! Tudo o que ele queria era me afastar de Ben. Mas Arthur não era casado? Não amava a esposa dele?

Steffanny a observava com grande interesse as expressões em seu rosto, em cada palavra dita.

-Eu sinto muito Gabriella, mas era tudo fachada, como é o meu casamento com Ben.

-Meu Deus! Eu verdadeiramente não conheço esse homem que você está me apresentando. Não se trata do mesmo por quem me apaixonei. Isso é cruel demais, é monstruoso, Steffany! Tem certeza que estamos falando do mesmo homem?

Gabriella retinha as lágrimas nos olhos, aquele homem não merecia as suas lágrimas. Todo o seu mundo estava caindo, todos os seus sonhos estavam sendo destruídos por aquele homem. Não pelo fato de Ben ter tido e ter um relacionamento com um outro homem, mas porque ele não lhe fora sincero? Por que, não lhe contou a verdade? Ela poderia tê-lo ajudado como amiga. E ela achando que ele era o homem mais sincero do mundo. Não. Isso não podia ser verdade. Havia algo nessa história que não batia e ela iria descobrir.

Agora Gabriella pensava na possibilidade de Ben a estar usando para conseguir o divórcio. Ele queria ficar livre para ir de encontro à vida que ele sempre quis ter. E ela era a isca para a sua realização. Como ela pôde ter-se enganado tanto?

-Mas Richard... - continuou Steffanny fazendo uma ligeira pausa para que Gabriella pudesse ter tempo de recobrar os pensamentos e entrar em sintonia com a realidade.

-Quem é Richard? - quis ela saber.

-Richard foi a grande paixão de Ben nos tempos universitários. Veja as fotos Gabriella. Todo mundo na universidade sabia dos dois. Aliás eles foram pegos uma vez no carro de Ben fazendo amor. Ben não tinha nenhum pudor e nenhuma vergonha de se mostrar. Essas fotos foram feitas numa festa, veja. Meu irmão Klaus estava presente e foi ele quem depois conseguiu acalmar o pessoal e ficou com todos os negativos. Mas eles ameaçaram de espalhar as fotos pela cidade, de mostrá-la a Georg e de levá-las até seu pai. Ben entrou em desespero por causa da carreira do irmão e pensou que todo mundo já soubesse e correu para mim e praticamente quase me obrigou a casar com ele, para que essa história ficasse abafada, ele estava completamente fora de si. Sinceramente Gabriella, eu fiquei com pena de Ben, sabe como é quando a gente é jovem e amigo eu acabei querendo ajudá-lo e concordei com o casamento. É claro que ele teve que enfrentar o pai, e numa contra partida Freddy o obrigou a ficar responsável e a trabalhar no jornal, porque até então Ben só queria viver uma vida de farras e escândalos.

-Meu Deus! Você está me apresentando um outro homem! Mas você não era namorada do Georg nessa época?

-Não mais. Nós havíamos terminado. Inclusive ele já estava até com Karin. Deixe-me continuar Gabriella, porque tudo isso já é difícil demais. Richard não se conformava com a atitude que Ben tomara, em se casar comigo. E então começou a pedir dinheiro ou então ele iria contar pra todo mundo que o nosso casamento era só uma representação. O pai de Ben, o senhor Hallmann era um homem inteligente, ele sabia que eu era apaixonada por Georg e é claro que ele sabia que eu só havia me casado com Ben para ajudá-lo, porque nós dois sempre fomos ótimos amigos. Ele tinha esperanças de que comigo Ben iria pôr um pouco mais a cabeça no lugar e maneirar no seu jeito boêmio de viver. Por outro lado minha família na época estava em dificuldades e foi por isso que eu topei casar-me com Ben.

- Bem… voltando a Richard, uma noite os dois foram vistos em um bar, eles discutiram alto e brigaram feio. Na manhã seguinte algo terrível aconteceu.

-O quê aconteceu? Eu quero saber.

-Veja você mesma, eu tenho os recortes do jornal daquela época.

Gabriella não podia acreditar no que estava lendo e vendo no velho pedaço de papel. Richard apareceu morto e o principal suspeito pela sua morte era Benjamin Hallmann. Gabriella tremia ao ler a notícia.

-Ele matou Richard, Steffany? - Seus olhos imploravam para que ela negasse aquilo tudo, que Ben não era um assassino voluntário e que para se ver livre de algum problema, acabara cometendo um assassinato. Ela poderia perdoar tudo, mas não que ele tivesse tirado a vida de alguém.

-Eu não sei Gabriella, isso ninguém nunca conseguiu provar. Mas Ben também não tinha um álibi para aquela noite e eu tive que dizer para os policiais que nós estávamos juntos fazendo aquilo que todo casal que acaba de casar faziam: Amor.

Gabriella não queria ouvir mais nada, ela tinha absoluta certeza de que Ben matara Richard. Estava tudo acabado. O pai do filho que estava esperando era um assassino. Steffany observou como Gabriella estava nervosa.

-Você está muito nervosa meu bem, veja como você treme, vou te preparar um chá.

-Obrigada. Eu não sei como te agradecer.

- Você quer o chá com ou sem açúcar?

- Com açúcar, por favor.

Steffany aproveitou enquanto mexia o açúcar no chá quente para colocar um tranqüilizante que ela havia trazido. Ela já tinha imaginado que Gabriella não suportaria toda aquela história. Ela a conhecia bem.

Quando Gabriella bebeu todo o chá, Steffany lhe disse:

-Acho melhor ir agora, creio que você deseja ficar sozinha, não é mesmo? Tente dormir um pouco Gabriella. E me desculpe ter te apresentado um homem que você não conhecia. Mas esse é o verdadeiro Benjamin Hallmann.

Gabriella agradeceu mais uma vez, mas sentia que já não tinha mais forças para se levantar do sofá. Seus olhos estavam pesados demais.


******

- MELANIE KOSTNER -

Steffany era uma mulher alta, de cabelos num louro brilhante e liso. Os olhos azuis trazidos do pai, a pele bronzeada por um Solarium, máquina de bronzeamento artificial. É uma mulher que onde chega marca presença pela sua pisada forte e firme, pela sua maneira esguia de andar e principalmente por sempre saber o que quer. Sorri alto, lembrando sempre aos que estão a sua volta que ela é o centro do universo. Tem um corpo muito bem feito e treinado pelas academias. Seus quadris alargados dão-lhe uma forma que os homens gostam de olhar.

Ben havia providenciado tudo o que Steffany lhe havia pedido.

Ela sorria de satisfação ao vê-lo tão inocente dando as últimas ordens para a sua própria festa de aniversário, afinal ele também queria que Gabriella gostasse de tudo. Por ela ele parava o mundo.

Já passavam das dez da noite quando ele resolveu dar mais um boa noite para Gabriella e saber se estava tudo bem. O telefone tocara, tocara mas ninguém atendera. Ele tentou através do seu celular e a secretária eletrônica entrou, ele deixou um recado dizendo-lhe que tornaria a ligar mais tarde. Uma hora mais tarde ele voltou a ligar-lhe e a mesma coisa aconteceu, o telefone tocou, tocou e ninguém atendeu.

Achou estranho, pois Gabriella nunca dormia cedo. Será que lhe aconteceu algo? - pensou Ben. Ele sabia que ela não andava nada bem nos últimos dias, mas hoje à tarde ela parecia tão feliz ao telefone. Não, com certeza alguma coisa aconteceu e grave. Ele começou a preocupar-se e a ficar inquieto. Steffany o observava de longe.

-O que aconteceu Ben, parece nervoso?

-Não é nada, é besteira minha.

-Está preocupado com a sua amada? - ele a olhou demoradamente. Ele nunca sabia quando ela estava sendo sincera ou nao. Mas o que ele tinha a perder? Nada.

-É, mais ou menos isso. Eu não entendo, o telefone chama, chama e ninguém responde.

-Por que você não vai até lá? Quem sabe alguma coisa aconteceu? Você não disse que desde que a mãe dela e a avó morreram, ela não anda muito bem? Pois então, acho que você tem toda a razão em estar preocupado. Se você quiser, eu vou até lá contigo.

- Não será preciso, Steffany.

Ele já estava à porta quando Steffany numa voz bastante macia e suave disse:

-Ben, se você precisar de mim eu estou aqui, basta me ligar que eu vou imediatamente. Mas eu espero sinceramente que não seja nada e que ela tenha resolvido ir dormir mais cedo.

-Obrigada Steffi. - Ben, nunca iria entendê-la. Às vezes ela era uma verdadeiro anjo, como agora, às vezes uma verdadeira praga.

-Me promete que você me liga para me acalmar, pois agora até eu fiquei preocupada. - ela sabia que não podia contar a ele a conversa que tivera com Gabriella.

-Tudo bem, eu vou ver o que é que há.

Numa outra parte da cidade... um telefone toca...

-Sou eu. Ele acabou de sair de casa e certamente está indo pra lá, agora faça a sua parte e dessa vez não quero erros, pois ela não terá uma segunda chance se você falhar. Está tudo preparado?

-Está tudo pronto.

-Depois me telefone quando tudo estiver acabado.

-Como ela está?

-Ela ainda deve estar dormindo com o sedativo.

Freddy Hallmann e Arthur Kostner eram primos e sempre foram ótimos amigos. Quando eles eram crianças todos os anos na época das férias escolares os pais de Freddy o enviava para os tios que moravam nos Estados Unidos. Quando Freddy quis fazer jornalismo seus pais pensaram que ele poderia estudar nos Estados Unidos ao invés de fazer faculdade na Alemanha e assim ele e Freddy se tornaram inseparáveis. Um era o irmão que o outro não tinha tido.

Arthur estava apaixonado por Claire. Ela era linda com aqueles cabelos castanhos e encaracolados. E o sorriso, uma beleza que ele nunca vira.

Mas ela não queria casar, sempre dizia que havia nascido livre e ia morrer livre também. Mas Arthur a queria para si, queria tê-la vinte e quatro horas no dia. Ela sorria e dizia que ela era como um passarinho e que viver em gaiola nem pensar.

Ele ficava fascinado quando ela pegava o violão e começava a cantar. Ele dizia que isso era tudo o que ele queria: passar o resto de sua vida ouvindo-a tocar. Arthur pensava que com o término da faculdade ela mudaria de idéia e iria querer casar-se, como todas as outras moças que ele conhecia, mas não foi assim com Claire. À medida que o tempo passava e ela conhecia mais a vida, aí mesmo é que ela pensava no quanto era bom ser livre.

Quando Arthur terminou a faculdade de jornalismo ele estava cheio de planos e sonhos em relação a ele e Claire, mas ela disse-lhe que não, que a história deles terminava ali.

E assim ele não quis mais saber de ficar nos Estados Unidos e veio trabalhar no jornal do tio e com o primo Freddy na Alemanha e assim curar a sua dor.

Foi Freddy quem apresentou a mulher com quem Arthur quase três anos mais tarde viera a se casar e com ela fora feliz. Melanie não pôde ter filhos, eles tentaram de tudo, mas a ciência ainda não estava tão avançada para o caso dela. Fora disso o tempo ia passando, eles já estavam casados há dezoito anos e as chances de Melanie ficavam cada vez menores.

Um dia Freddy o influenciou a deixar que sua equipe científica onde ele estava investindo muito dinheiro analisasse o caso de Melanie e aí as esperanças que estavam mortas fazia tempo renasceram novamente. Foi quando eles descobriram que Melanie estava com câncer. Mais uma vez Freddy viu nisso uma oportunidade para ajudar o primo, e Melanie praticamente serviu de cobaia para os seus interesses científicos.

Alguns órgãos dela foram substituídos, mas depois de alguns dias houve rejeição e ela não sobreviveu.

Arthur ficou louco, desesperado e achou que se ele não a tivesse influenciado tanto, ela poderia ter vivido muito mais. Ele, somente ele, era o culpado por sua morte.

Foi nesse meio tempo que ele tomou conhecimento em que tipo de pesquisa Freddy estava investindo tanto dinheiro. Na verdade, todo o capital que sua família havia juntado todos esses anos fazendo jornalismo. Ele queria que os cientistas descobrissem o fator longa vida através da reprodução das células. Uma ciência completamente nova e ainda desconhecida e por causa disso Freddy estava investindo tudo o que ele tinha.

Isso revoltou Arthur, pois ele teve a certeza que Melanie fora usada e explorada para o seu intuito científico e se sentiu enganado pelo primo.

Foi Margot, irmã de Claire quem o ajudou explicando-lhe toda essa coisa, o porquê da rejeição dos órgãos e que mais cedo ou mais tarde Melanie iria morrer de qualquer maneira e certamente como tudo aconteceu evitou maiores sofrimentos para ela, pois pelo que ela sabia o câncer já havia tomado todos os seus órgãos. O corpo dela já não podia mais reagir como um corpo normal para as suas devidas funções. Mas Freddy mesmo assim queria tentar salvar-lhe a vida, mesmo quando toda a equipe científica havia dito que seria completamente inútil, ele decidiu seguir em frente pela amizade que tinha a Arthur. Ficar sabendo disso, deixou Arthur emocionado, pois ele confiava muito em Margot desde os tempos da faculdade, pois ele havia aprendido a conhecê-la e ele sabia que ela não misturava os canais. Se existia alguém com cabeça neste mundo, essa pessoa se chamava Margot Krämer. Ela trabalhava com fontes de pesquisa científica na Inglaterra.

Os anos se passaram e Arthur aprendeu a conviver com a sua dor.

Gabriella surgiu em sua vida trazendo-lhe alegria e agora ele se via na obrigação de salvá-la. Ela era a filha que ele não pôde ter. Por isso, agora que Steffany lhe dava uma chance, ele não poderia falhar e para esse trabalho especial ele só podia contar com Markus, filho de Margot, pois ele era a pessoa certa para isso.

-Você está pronto? - perguntou Arthur ao telefone.

-Já estou no local.

Ele subiu as escadas que o levariam até ao apartamento de Gabriella e com um ferrinho japonês forçou a abertura da porta.

Markus podia ver que Gabriella adormecera ali mesmo no sofá.

Ele a pegou no colo e carinhosamente a levou para o quarto.

Ela ainda estava vestida com o roupão o que facilitou o trabalho dele. Ele desamarrou o laço que fechava na frente e o abriu. O que ele contemplou o deixou sem fôlego. Os seios viçosos, redondos, firmes e com os mamilos num marrom claro o deixaram imediatamente erecto. Ele estava apaixonado por ela, ele sabia disso, faria tudo para ter aquela mulher nos braços nem que fosse apenas por uma noite. Mas seria capaz de muito mais para tê-la a vida inteira.

Foi quando Ben abriu à porta e dirigiu-se ao quarto de Gabriella chamando-lhe pelo nome.

-Gabriella, Gabriella, onde você está?

Ben parou na porta do quarto, ele não podia acreditar no que estava vendo.

Um homem estava deitado no lugar dele, com a mulher que ele ama.

Numa fúria louca, avançou para o homem totalmente desconhecido para ele e o esmurrou com toda a sua força, forçando-o a sair de onde estava.

O que viu o deixou ainda mais transtornado, tanto o homem quanto Gabriella, a sua Gabriella estavam nus. Aquele corpo tão maravilhoso que ele pensava ser só dele, agora estava ali e um outro homem o havia possuído. Ben avançou como um selvagem. Eles começaram a socar-se, a esmurrar-se até não se conter mais.

Desde os tempos de escola Ben não havia brigado mais, mas ainda sabia se defender muito bem.

Gabriella por sua vez, sonolenta, acordara com o barulho e caminhou com passos lentos e tortos até a sala, local onde eles estavam agora brigando, ela pediu com voz mole e sem forças para que eles parassem. Ela não fazia a menor idéia do que estava acontecendo. Mas nenhum dos dois parecia que queriam parar com aquilo. Ben queria descarregar toda a sua raiva em cima do desconhecido e Markus queria por sua vez acabar com o grande amor de Gabriella, pois quem sabe Ben fora do caminho dela ele teria melhores chance. Os dois se esmurraram até se cansar.

Gabriella em seu torpor, achava que era mais um de seus terríveis pesadelos. Ela voltou para a cama para dormir novamente e nem percebeu que seu corpo estava nu.

Markus, que tinha muito mais força que Ben, o agarrou pelo colarinho da camisa e disse que ele deveria deixar Gabriella em paz, que ela pertencia a ele.

Ben saiu dali com o mundo pesando-lhe nas costas. Ele descia as escadas sem sentir quantos degraus pulava. Parecia estar bêbado de tanta pancada que levara.

Teve dificuldades em achar as chaves do carro porque tremia de ódio por tudo o que havia acabado de acontecer.

O nariz e a boca sangravam demais, ele tentava com as mãos impedir que o sangue saísse, mas era inútil. Já dentro do carro Ben chorou convulsivamente parecendo uma criança quando perde o seu brinquedo preferido, na verdade ele estava perdendo a sua vida. Ele debruçou a cabeça no volante e chorava agora tão alto que ele mesmo se sufocava nas próprias lágrimas. Ele não tinha mais forças para nada nem mesmo para ligar o carro. Numa raiva incontrolada começou a bater com a cabeça no volante.

Ele sabia que não podia dirigir, ele sabia que se dirigisse, cometeria um acidente. Se ele morresse, tudo bem, o que tinha a perder? Já tinha perdido tudo mesmo. Mas não seria justo causar um acidente e matar alguém que não tinha nada com essa história suja. Mais uma vez ele se lembrou de Steffany. Ela sempre o ajudara em momentos difíceis como este. Ele pegou o seu celular e ligou para casa.

-Steffi, sou eu Ben.

-Está tudo bem?

-Eu preciso de você, pegue um táxi e venha até Essen, eu estou na Witteringstraße, em frente ao número 23.

-Ben, o que aconteceu?

-Não me pergunte nada Steffi, venha o mais rápido que você puder.

É claro que Steffany podia imaginar o que havia acontecido. Com certeza, molengão do jeito que ele sempre fora, um filhinho de papai, ele deve ter apanhado bastante e tanto é que agora estava impossibilitado de dirigir. - pensou ela. Steffany não podia imaginar que as coisas sairiam tão bem assim. Ela iria estar mais do que satisfeita com os resultados finais de toda essa história de amor. Ao chegar ela se espantou com o que viu. O estado dele era péssimo.

-Ben, mas no que você andou se metendo? Você está irreconhecível.

-Não fale muito, Steffi, por favor, pegue o carro e me leve para a casa, eu estou muito nervoso para dirigir.

-E por que você mesmo não pegou um táxi? - Dizia Steffany se deliciando com a expressão de dor no rosto dele. Ela gostava de ver alguém sofrendo. Nao sabia porque, mas sentia prazer nisso.

-Por que não quero nunca mais voltar a este lugar.

E dizendo assim cuspiu através da janela do carro o sangue junto à saliva que lhe escorria pela boca. Quando chegaram em casa, Steffany cuidou carinhosamente dos ferimentos dele. Ele não disse uma palavra, mas ela podia imaginar perfeitamente a cena no apartamento de Gabriella: Um homem na cama da amada. Isso até que poderia ser título de algum filme pensou ela controlando-se para não rir na frente dele.

-Você é meu, Ben, você me pertence.- pensava Steffany enquanto cuidava dele.

Ela lhe providenciou um calmante, pois queria que ele relaxasse, afinal de contas amanhã seria a festa de aniversário dele e ela havia providenciado tudo do bom e do melhor. Esse seria um aniversário inesquecível, ao menos para ele.