segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Capítulo 20

- ROBERT JANSEN -

Eram duas e quarenta da manhã, quando Markus Krämer deixou o quarto de Robert Jansen, ele estava morto há uma hora mais ou menos. Markus podia imaginar que ele terminaria assim. Ele já o seguia há algum tempo, pois a Interpol começou a desconfiar que Robert fosse um agente duplo e que ele estaria envolvido com pessoas sem nenhum escrúpulo.

Ele havia seguido Klaus Gühmann até ao apartamento de Robert e do seu carro ele ficou observando o movimento no apartamento.

Depois de algum tempo ele não viu mais os dois, mas somente o vulto de uma pessoa. Markus logo deduziu que alguma coisa de ruim acontecera a Robert e que possivelmente agora já seria tarde demais. Mesmo assim ao sair do seu carro, ele levou consigo um bastão grande e pesado de madeira que havia comprado na Espanha nas suas últimas férias com Margot.

Markus verificou que as luzes dos corredores do prédio não acendiam mais, com certeza trabalho de Klaus. Ele havia tomado toda a precaução possível, também pudera, pensou, ele era um ótimo profissional. Pena que trabalha para o lado errado.

Ele ouviu passos ligeiros descendo às escadas e fosse lá quem fosse iria receber em cheio uma cacetada na cabeça, pois neste escuro ele não poderia definir quem seria. A sorte estava do lado dele, pela respiração ofegante ele deduziu que era Klaus fugindo. Markus ergueu o bastão e assim que sentiu que Klaus iria dobrar o corredor para descer o primeiro degrau do segundo andar de onde ele estava, desceu o bastão com toda a sua força e acertou em cheio a sua cabeça, este nem sequer teve tempo de saber o que estava acontecendo, simplesmente ele rolou o restante dos degraus e ficou estendido no chão sem se mexer. Markus desceu rapidamente e acendeu o seu isqueiro para ter absoluta certeza de que ele acertara a pessoa certa.

-Bingo!!! Não podia ser melhor, até mesmo os melhores profissionais deixam falhas quando confiam demais em seu talento. Um grande erro meu caro! - exclamara Markus.

Ele o pegou e jogou o pesado corpo de Klaus sobre as costas e o levou de volta para o quarto de Robert que estava deitado sobre a cama como se dormisse.

Markus jogou Klaus no chão que ainda permanecia sem sentidos. Foi até Robert e verificou se ele realmente estava morto. Klaus o havia asfixiado com uma pequena corda ou fio de nylon, Markus podia ver a marca em seu pescoço. Ele foi até Klaus e verificou os seus bolsos, lá estava a prova do crime, ele havia guardado ali o fio de nylon.

Com muito cuidado ele começou a vasculhar o quarto de Robert. Markus queria achar alguma coisa que pudesse servir de prova para desmascarar Klaus, Steffany e sua tropa. Ele queria achar alguma prova da ligacao de Robert com essa gente. Mas ele precisava ser rápido antes que Klaus acordasse.

Ele sabia que Robert deveria ser minucioso e caso ele tivesse alguma prova, certamente não estaria ali. Ele já estava desistindo de procurar quando ele sem querer apoiou uma das mãos na ponta da cabeceira da cama velha de casal onde estava Robert.

A cama era num estilo antigo de cerejeira e nas duas laterais da cabeceira no alto ela tinha duas bolas maciças em madeira. Uma dessas bolas rodou quando Markus apoiou a mão e isso lhe chamou a atenção, ele tornou a girá-la, até que ela se desprendeu totalmente da outra bola que se encontrava na parte de baixo. A segunda bola era oca por dentro, de lá Markus retirou uma pequena chave com um número impresso.

-Bem pensado Robert! - exclamou Markus.

Markus ouviu um leve gemido e deduziu que Klaus poderia estar acordando o que ele correu e deu-lhe mais uma cacetada, e este tombou novamente.

Markus não podia mais esperar, ele tinha que sair dali o quanto antes, mas primeiro precisava fazer algo.

Foi até o telefone de Robert e com um lenço nas mãos para não deixar suas digitais ligou para a polícia em Düsseldorf e avisou do presunto. Markus ainda permaneceu ali até ver pela janela do apartamento as luzes azuis dos carros policiais que chegavam silenciosamente e então teve a absoluta certeza de que Klaus seria pego juntamente com o corpo morto de Robert.

Um telefonema de Kling e logo Teuscher estava pronto, mais uma morte na cidade, tudo estava virando um pesadelo, mas o pior de tudo isso é que agora se tratava de seu amigo Robert Janssen. Ele sabia que Robert trabalhava para a Interpol, mas no quê ele deveria estar metido para ser liquidado? Pensava ele enquanto calçava os sapatos.

No quê Klaus Gühmann e Robert Janssen estariam metidos juntos? E o que fazia Klaus Gühmann ao lado do corpo de Robert?

Isso não estava lhe cheirando nada bem. É claro que uma terceira pessoa havia estado ali e é claro que queria incriminá-lo.

Será que seria um problema interno da Interpol? Ou do QG Internacional por exemplo? O que será que aconteceu para que Robert fosse morto? Não, isso não poderia ser assim em se tratando de Robert. Alguma coisa os ligava e ele teria que descobrir. Mas o quê?

Ele deu ordens a Kling para que Klaus Gühmann fosse levado para a delegacia, ele mesmo queria interrogá-lo.

Todo o quarto de Robert foi vasculhado pela polícia, mas nada encontraram fora de umas camisas, calças e uma pequena arma muito possante.

É claro que Robert não deveria ter muita coisa consigo, ele deveria estar vigiando alguém. - Mas quem? - Pensava Teuscher ao olhar o corpo do amigo estendido na cama.

Assim que Kling chegou ao local logo reconheceu o corpo de Robert, pois Teuscher tem uma foto com ele sobre a sua mesa de trabalho. Quem o teria liquidado? Quem estaria por trás de tudo dando essas ordens? Benjamin Hallmann talvez? - pensou Kling.

-Mas por que ele foi morto aqui na Alemanha? - perguntou King tirando Teuscher dos seus pensamentos.

-Certamente ele estaria fazendo um serviço por estes lados e descobriu algo importante e por isso teve que ser eliminado.

-E o que o cunhado de Benjamin Hallmann estaria fazendo aqui? O que ele tem com o seu amigo, inspetor? - tornou a perguntar Kling maldosamente. - O senhor não acha tudo isso muito sinistro, chefe?

-Sinistro ou não, o fato é que nós temos um morto e um vivo meu caro. Vamos ao trabalho. - falou Teuscher irritado com aquela situação que lhe fugia ao controle.

Teuscher detestava como as coisas estavam se encaminhando e pior ainda em se tratando de alguém que ele muito estimava. Robert era um agente muito bem treinado, Teuscher sabia disso. Alguma coisa estava acontecendo a nível internacional e não era coisa pequena não, gente muito poderosa estaria envolvida nisso tudo. Primeiro ele havia perdido Igor e agora Robert.

Isso vai ser o diabo para se resolver, por outro lado a Interpol vai procurar vedar qualquer informação. - pensou Teuscher coçando o seu cavanhaque.

O toque do seu celular o tirou novamente de seus pensamentos.

-Teuscher. - respondeu ele. A voz do outro lado lhe informou que um pacote havia chegado para ele e que estava escrito do lado de fora: Ultra confidencial para o inspetor Teuscher. E que era urgente.

-E quem entregou o pacote? - quis saber.

-Ninguém sabe dizer.

-Estou indo imediatamente para o meu gabinete. - Mais essa agora. Quem mandaria um pacote ultra confidencial às 4:50 da manhã? - pensou Teuscher.

******

- TEUSCHER X KLAUS -

Markus Krämer ao deixar o prédio onde Robert Janssen estava dirigiu-se para o aeroporto em Düsseldorf. Pelas iniciais DÜ 017 que ele leu na chave, deduziu que seria a chave de algum armário de aeroporto. E como Robert Janssen era uma pessoa que viajava muito, com certeza ele ao chegar em cada país, depositava lá os documentos mais importante que trazia consigo e sendo assim Markus vendo que ali poderia estar provas circunstanciais para a polícia, ele resolveu mandar tudo para Teuscher.

Teuscher abriu o envelope que estava sobre a sua mesa. Do lado de fora estava escrito o seu nome e que o envelope deveria ser entregue em suas mãos, ele logo reconheceu qu e a letra era do seu amigo Robert Janssen.

Ao abrir o envelope em sua sala ele ficou emocionado ao lembrar-se do amigo.

Eram fotos dos dois juntos pescando quando Robert vinha para a Alemanha. Lágrimas lhe vieram aos olhos. Teuscher virou a foto para ver o que Robert poderia ter escrito e ficou surpreso com o que lia. Era uma linguagem que eles inventaram quando ainda eram crianças e freqüentavam os bancos da escola. Era a “língua do contra como eles a chamavam. Ninguém conseguia compreender nenhuma palavra quando eles conversavam assim e essa linguagem era o segredo dos dois amigos. Ali Robert lhe narrava o seu segredo mais secreto: „O eled res etnega olpud“, isto é: O dele ser agente duplo”.

Teuscher estava surpreso e chocado com essa revelação, por um momento ele ficou triste e nem mesmo sabia se estava decepcionado com Robert, afinal ele estava morto. Depois vinha uma série de casos onde ele participou e uma série de nomes que para a polícia internacional certamente seria um prato feito.

Para Teuscher era a luz no final de um túnel e o começo de um pesadelo a lista de nomes que o amigo lhe apresentava, pois quais desses teriam eliminado o seu amigo, Robert? O fato da polícia ter encontrado Klaus Gühmann ali, nada significava até que as provas encontradas ali pudessem ser comprovadas. O fato também deles terem encontrado o fio de nylon em seu bolso nada queria dizer, pois eles tinham certeza de que uma terceira pessoa estava lá no apartamento. E essa terceira pessoa bem que poderia ter colocado o fio de nylon no bolso de Klaus Gühmann para incriminá-lo. Tanto é que agora ele também recebia esse envelope.

-De quem? - se perguntou Teuscher.

Com certeza essa terceira pessoa estava no apartamento e encontrou essas fotos lá e por isso elas lhe chegaram às mãos tão rapidamente. Mas se essa terceira pessoa estivesse querendo apenas anonimamente ajudar a polícia a desvendar esse caso? Então Klaus Gühmann seria um criminoso. Mas o que Robert teria em comum com Klaus Gühmann? Teuscher se enchia de perguntas onde ele não sabia onde encontrar as respostas. Ao menos não por enquanto.

E Benjamin Hallmann, o que ele teria com isso? Estaria toda a família envolvida no caso? - quanto mais Teuscher se perguntava, menos ele encontrava as respostas.

Ele chamou King e pediu que a lista com aqueles nomes fosse imediatamente verificada.

Sentado ainda em sua cadeira ele pensava por que Robert havia se metido com aquela gente? Certamente ele deveria ganhar muito bem na Interpol. Ele vivia sozinho. Será que a vida do amigo estava assim tão vazia que ele precisava viver uma aventura desse tipo?

-Por que, Robert? - se perguntava Teuscher com os olhos em lágrimas. Ele se indagava com muitas perguntas e ao mexer em toda aquela papelada novamente Teuscher viu cair um pequeno envelope branco contendo alguns negativos. Teuscher o estendeu à luz para tentar ver alguma coisa mas ele não conseguiu identificar nada. Chamou Kling novamente.

-Quero que você mesmo e mais ninguém leve esses negativos para serem revelados e não saia do laboratório enquanto eles não ficarem prontos.

-Certo inspetor. Volto em uma hora.

Teuscher voltou ao envelope pardo de onde os negativos lhe caíram, ele observou que na parte de dentro do envelope havia algo escrito. Com muito cuidado ele foi abrindo com o seu canivete afiado todos os lados do envelope, até que ele o tinha totalmente aberto. O que se encontrava ali era algo puramente resumido, mas claro o bastante para que ele pudesse entender toda a gravidade da coisa.

“Klaus Gühmann é um criminoso do mais alto potencial. Está envolvido em negócios altamente perigoso, com a máfia na Rússia. Seu maior negócio vem sendo feito com eles onde ele vendeu dados de um microorganismo. Infelizmente não consegui descobri que dados seriam e que microorganismo seria este.”

Robert narrava ali de como eles prepararam o atentado de incêndio na floricultura no aeroporto em Düsseldorf, tudo isso para se ver livres de alguns árabes que também estavam envolvidos nesse caso secreto da compra desses dados, e como eles estavam fazendo muita pressão na época, eles precisavam ser eliminados. “Eu conheci Klaus Gühmann num treinamento para serviços altamente confidenciais. Nós dois fomos os melhores da turma e daí a amizade entre nós. Se é que eu posso chamar de amizade.“

-É claro que Robert sabia muito sobre os negócios de Klaus e as suas negras transações, por isso ele precisava ser eliminado. - pensou Teuscher. - Quer dizer que o senhor Gühmann não é tão inocente assim nessa história. Vamos ver o que ele tem a me dizer. - pensou ele.

Teuscher chamou um de seus homens e pediu que lhe trouxesse o senhor Gühmann.

- Senhor Gühmann, temos algumas provas contra o senhor e eu acho que seria melhor se o senhor de livre e espontânea vontade começasse a falar e a colaborar conosco. - falou Teuscher.

Klaus era debochado e na cara de Teuscher riu um sorriso cínico. Teuscher teve que se controlar para não esmurrá-lo.

-Senhor Teuscher, o senhor deve ser um homem bem experiente e sabe muito bem que o fato de ter me encontrado ali no quarto do senhor Janssen nada significa para que prove que eu o tenha matado.

-Nada disso está claro senhor Gühmann. Que negócios o senhor tinha com o senhor Janssen?

-O negócio de amigos.

-E como vocês se conheceram? - quis saber Teuscher se ele lhe diria a verdade.

-Nós somos velhos amigos, fizemos alguns cursos juntos.

-Que tipo de curso?

-Senhor Teuscher, eu sei que eu tenho direito a um telefonema para o meu advogado e até que eu o tenha aqui nada mais responderei.

-O que o senhor fazia no apartamento do senhor Janssen, senhor Gühmann? O que aconteceu por lá? O senhor pode me esclarecer? - Teuscher ficou esperando por alguma resposta, mas nada ouviu.

Klaus não disse uma palavra. Apenas cruzou os braços e os pés e sentou-se confortavelmente e disse ironicamente para Teuscher.

-Eu tenho direito a um telefonema, inspetor.

Teuscher o fulminou com os olhos. Que raios de lei era essa que dava direitos ao criminoso de ter um advogado? Tudo o que ele sabia era que a polícia tinha um trabalho dos infernos para prender bandidos e criminosos para depois ouvir isso na cara. A lei deveria ser outra.

Ele foi arrancado dos seus pensamentos por Kling que chegava agora com as fotos reveladas.

Kling estava feliz com o pacote nas mãos e sorria pelos dois cantos da boca.

-Acho que o nosso amiguinho aqui inspetor, não está tão inocente assim nessa história não.

Klaus mexeu-se na cadeira, ele sabia que a coisa iria ficar preta para o lado dele se aquele desgraçado do Robert guardou alguma prova em seu poder.

Teuscher pegou as fotos das mãos de Kling e sorriu ao ver que Robert com certeza com uma câmara secreta fotografou o atentado no aeroporto em Düsseldorf onde ele e Klaus prepararam tudo pessoalmente, para que um incêndio desse início a toda aquela trama. Também havia fotos onde eles trabalharam com explosivos em algum lugar onde era difícil a identificação por ser noite. Fotos de rostos de pessoas que certamente estariam envolvidos nessas transações suja deles? Teuscher se perguntou em pensamento.

A foto de Georg Hallmann e de Stefanny conversando com homens totalmente desconhecidos. Eles precisavam imediatamente passar essas fotos para o departamento de pesquisas para serem analisadas para saber se eles eram conhecidos da polícia européia. Seriam eles os possíveis contatos na Rússia que Robert mencionara em sua carta?

-Qual o envolvimento do Ministro Georg Hallmann em tudo isso?

-Eu já lhe disse inspetor, que tenho direito a um telefonema.

Teuscher observou a frieza de Klaus, ele iria jogar com ele também.

-Kling, leve as fotos para a senhorita Stahl e peca a ela que trabalhe na identificação dessas fotos com a maior urgência. E também que ela trabalhe nos números encontrados no celular do senhor Gühmann- falou Teuscher confidencialmente com ele e alterando a voz de maneira que Klaus pudesse ouví-lo e disse:

-Faça também uma ligação para a Interpol na Inglaterra e o Serviço Secreto na Rússia. Vamos ver que surpresa nos reserva. - falou olhando profundamente nos olhos de Klaus Gühmann. Teuscher queria com isso amedrontá-lo, mas viu que ele nem se mexeu.

-Senhor Gühmann, mais cedo ou mais tarde, nós chegaremos em algum lugar e descobriremos tudo o que está por detrás desse caso. Com a sua ajuda ou não. O senhor não gostaria de colaborar? - falou Teuscher olhando firme em seus olhos na esperança de que ele depois de tudo que viu e ouviu mudasse de idéia.

- Eu tenho direito a um telefonema e espero que o senhor não se esqueça disso.

Para o inferno. - Pensou Teuscher. Ele iria mantê-lo ali preso por algumas horas até que Klaus viesse a dar esse telefonema. Ali era o território dele, era ele quem mandava.

-Senhor Gühmann, nao gostaria de me contar entao sobre os microorganismos?

Teuscher jogou com as palavras, nem ele mesmo sabia o que isso poderia significar nessa história toda, mas pela primeira vez ele observou que Klaus mudou a expressao facial.

-Eu tenho direito a um telefonema.

Teuscher chamou um dos homens e deu ordens para que ele fosse levado para uma sala especial.

Mas o dia mal havia comecado e a caca seria grande... muito mais coisas estariam por acontecer até o final daquele dia.

Dez minutos depois das dezessete horas, Teuscher recebera um novo fax do qual lhe informava que um dos patologista holandeses que estava envolvido no caso do corpo encontrado morto em Den Haag, havia sido atropelado por um caminhão desgovernado, mas que ainda estava vivo embora seriamente ferido, ele estava internado no setor da UTI no hospital Estadual em Den Haag. Teuscher e Kling voaram imediatamente para lá, a fim de descobrirem alguma coisa. Mas eles só puderam entrar no quarto do centro de tratamento intensivo na manhã seguinte o que não lhe ajudou em muita coisa, pois o homem tinha tubos pela boca e não podia falar e nem se mexer. O fato é que eles teriam que passar toda à noite ali.

Teuscher resolveu deixar Kling de prontidão juntamente com o guarda que se encontrava do lado de fora da porta, pois Teuscher precisava voltar à Alemanha e o último vôo seria por volta das 23:00 horas.

Por volta das 03:05 da madrugada Kling recebeu uma forte coronhada na cabeça. O guarda do lado de fora não teve a mesma sorte e foi esfaqueado pelas costas. Alguém entrou no quarto do paciente e retirou os tubos de oxigênio e o asfixiou com o próprio travesseiro em que ele dormia. Depois ele apagou as luzes, fechou a porta atrás de si e sumiu pelo corredor frio e vazio da madrugada.

A cada vinte minutos um enfermeiro fazia a ronda e a primeira coisa que ele descobriu foi o corpo do guarda ensangüentado e morto no chão do corredor. Imediatamente ele soou o alarme e entrou no quarto do paciente onde agora Kling despertava da pancada. Tudo havia se passado ali e ele nada tinha visto.

Para a polícia holandesa Kling agora era considerado o principal suspeito. A polícia fez um levantamento da vida de Kling. Como nada encontraram, eles decidiram que Teuscher teria que enviar via fax uma declaração por ele assinada de que Kling estaria sob sua responsabilidade até que este caso fosse solucionado. Que ele teria que estar à disposição da polícia holandesa caso eles precisassem de um novo depoimento de Kling. Talvez Kling precisasse ser suspenso e ele estaria de braços e pernas quebradas, pensava Teuscher agora. Caso ele não assinasse esse documento Kling ficaria detido até que eles tivessem novas provas.

Ao retornar à Alemanha, Kling tinha um gosto amargo na boca. O gosto da derrota, o gosto de não ter cumprido bem o seu dever. E o que era ainda pior, ele agora era suspeito de assassinato.

Teuscher por outro lado não estava gostando nada como as coisas estavam tomando um outro rumo. Tudo isso estava virando um montante de areia espalhadas pelo vento e que não estava levando-o a lugar algum a não ser a muita confusão e desconfiança de todos que estavam trabalhando neste caso.

Teuscher deu uma olhada para fora da janela. Deu uma baforada no seu cachimbo. Tudo isso estava virando uma paranóia, ele pensou. Primeiro o assassinato de Igor Schneider, depois Robert Janssen e agora Kling era suspeito de assassinato.