segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Capítulo 5

- FRÄNKEL -

Três anos depois...

A campainha insistia em tocar com o seu barulho infernal. Klaus Gühmann teve dificuldades para se levantar. De dentro gritou perguntando quem era.

- Sou eu, seu idiota, abra à porta. - Ele sabia que para falar assim com ele só podia ser a praga da sua irmãzinha. Steffany entrara como um furacão porta a dentro.

-Por onde você se meteu nos últimos dois dias, estúpido?

-Estou em casa o tempo todo.

-E por que não respondeu os meus telefonemas?

-Steffi, me deixa ao menos descansar em paz, está bem?

-O que aconteceu com seu rosto? Já sei, andou bebendo de novo? E se meteu em encrencas. - falou ela sadicamente.

-Não é nada disso. Você já se esqueceu que eu tive um servicinho extra por estes dias? Aquele desgraçado tinha uma força infernal, parecia que sabia o que lhe esperava e me atacou primeiro. Eu tentei fugir mas ele me acertou várias vezes e de cheio, por isso estou sem poder sair e vou ter que ficar assim, escondido.

-Mas ele teve o que merecia, você acabou com ele. A polícia está desconfiada de assassinato. Por acaso você deixou alguma pista no local para que eles pensem assim? - Klaus balançou a cabeça negativamente. - O mais importante é que você não tenha deixado nenhuma prova. Alguém te viu?

-Acho que não, pra isso você sabe que sou perfeito.

- Acha? E o que foi que você usou desta vez?

-A presa morreu com o seu próprio veneno, minha cara. - falou sorrindo.-

-Como assim?

-Dei-lhe uma super dose.

-Isso não tá me cheirando bem, não. Com certeza a polícia vai achar pistas.

-Que nada, eu sou perfeito. Não se preocupe. Depois de tudo terminado eu resolvi dar um banho na minha vítima. - Dizia Klaus com cara de quem estava gostando de tudo como havia feito. - Pois é maninha, ele estava muito suado depois da briga, sabe como é. Você conhece bem aquela banheira linda de cobre que ele mandou trazer especialmente da Hungria, não? Pois entao, por mero acidente o secador de cabelo caiu ligado. Nada de propósito, imagina. Mas o cheiro e o barulho foram infernais.

Steffi estremeceu por todo o corpo.

- E como está a sua situação com Ben? As coisas melhoraram? - Perguntou Klaus não querendo mais tocar no assunto.

-Que nada, ele continua querendo o divórcio. Toca no assunto todos os dias. Você descobriu se ele está metido com alguma mulher outra vez?

-Não descobri nada, dessa vez não tem ninguém na parada.

-Isso é pior ainda, se ele estivesse envolvido com alguma mulher, a gente podia dar um jeito como das outras vezes.

-Quanto tempo você acha que a operação ainda vai durar? - perguntou ele.

-Difícil de dizer Klaus, vamos dar um tempo. Pegue a sua garota e faça uma viagem, levando-a não levantarão suspeitas. Suma de circulação, não quero que desconfiem de você.

-Mas como poderiam desconfiar de mim, maninha? O meu serviço é perfeito. Não fique com medo.

-Mesmo assim eu quero que você faça uma pausa. As coisas não podem acontecer com essa rapidez, senão acabarão por descobrir alguma coisa.

-Está certo, você é quem manda.

-Isso mesmo, eu não quero que a polícia venha associar um assassinato com o outro. Você sabe que nisso tudo estão investidos muitos milhões. E colocar tudo agora a perder por nada, não vale a pena. Por outro lado, logo estaremos envolvidos na operação e eu não quero que nada saia errado. Você me entendeu?

A polícia não queria aceitar que o cientista Fränkel havia tido um ataque do coração fulminante ou até mesmo que tivesse posto fim a própria vida.

- Chefe, uma vez o Dr. Fränkel deu uma entrevista. Ele era um homem vaidoso, que cuidava muito bem do corpo, que estava sempre pronto com os check ups médicos e que gostava de viver. Não acredito em ataque do coração não, chefe.

- Entendo aonde você quer chegar Kling. Por outro lado ele tem o maxilar deslocado, e eu me nego a acreditar que ele o deslocou na possível queda do possível ataque cardíaco por causa da posição do corpo na banheira.

- Tudo indica, chefe que ele lutou antes de morrer e que alguém sem deixar pistas jogou o secador ligado na banheira. Mas que falta de imaginação.! Esse tipo de morte já é tão velho.

- Mas nada temos de concreto, Kling. Difícil mesmo até de afirmar qualquer coisa, pois, o corpo tem uma aparência escura por causa do choque com água. Mas quem desejaria a morte de um cientista como ele? Um homem bem sucedido, educado e amável com as pessoas? - pensava o inspetor Teuscher.

- Vai-se lá saber. Essa gente também tem muitos inimigos, vivem em concorrência uns com os outros.

- O legista já chegou? - perguntou Teuscher.

- Ainda não, chefe. Deve chegar a qualquer momento.

O prédio na Altstadt de Düsseldorf onde Igor Schneider trabalhava era velho demais, mas tinha uma estrutura de fazer inveja às novas construções. Igor Schneider estava sendo o médico legista na causa mortis do cientista Fränkel.

Ele era de estatura mediana, calvo, apresentava uma barriga de cerveja, bigode amarelado pelo charuto que fumava, ele era simplesmente um excelente profissional, mas de uma aparência intragável.

-Olá Teuscher, há quanto tempo meu velho. - Igor o abraçou como antigamente quando se encontravam para uma cerveja. Depois Teuscher passou a ter tanto o que fazer que eles só se viam quando trabalhavam em algum caso.

-Os amigos sempre se encontram, nem que seja entre um morto e outro. Como vai?

-Bem, bem. É você quem está investigando o caso da morte do cientista Fränkel?

-Isso mesmo. Você tem alguma novidade para mim?

-Vamos ver o que eu posso te adiantar. É um caso difícil. A única evidência é que ele antes de morrer lutou, mas dizer que isso foi a causa mortis seria loucura.

-Você acha que foi assassinato?

-Talvez.

-Mas como? O que o leva a pensar assim?

-Eu desconfio de que ele de certa forma foi envenenado, talvez até drogado.

-Drogado? Não?! - espantou-se Teuscher.

-Eu não estou falando desse tipo de droga que se compra na esquina de casa. A pessoa que administrou a dose da droga tinha puro conhecimento da coisa e sabia perfeitamente o que estava fazendo e digo que fez bem feito.

-Do que é que você está falando? O que te leva a pensar assim? Não estou te entendendo, explique-se melhor, Igor.

-Estou falando de uma droga mais forte que somente pessoas como cientistas têm acesso.

-Interessante! Nunca ouvi falar de tal coisa.

- Pois é, com certeza a pessoa que o matou a usou e depois o afogou na banheira e para não deixar pistas jogou o secador de cabelo ligado. - falou Igor Schneider.

-Tudo poderia ter dado certo se não fosse o maxilar destroncado.

-Exatamente.

-E que tipo de droga é essa que você falou?

-É uma droga que paralisa as musculaturas do corpo.

- E quem tem geralmente acesso a esse tipo de droga? - quis Teuscher saber.

- Como te disse antes, enfermeiros de algum centro cirurgico, médicos e cientístas. Esse tipo de droga não se compra, se adquire nesses setores.

-Ele como cientista devia ter acesso facilmente. Entendo. E você não conseguiu mais nada além disso, Igor?

- Infelizmente não, meu amigo.

E assim o caso Fränkel foi arquivado.