segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Capítulo 10

- TEUSCHER X KLING -

Assim que Teuscher pisou em sua sala, Kling a invadiu trazendo nas mãos todas as informações que ele conseguiu colher sobre o caso dos cientistas.

-Você fez um trabalho magnífico, Kling. Dou-lhe os parabéns.

-Obrigado, inspetor, mas ainda tenho uma surpresinha para o senhor.

-O quê você está me escondendo, rapaz?

-Nada de que o senhor não vai ficar sabendo. Eu descobri algumas coisas bem interessantes sobre o nosso amigo o senhor Benjamin Hallmann.

-E o que nós temos? Mostre-me.

-Acho que o senhor vai gostar de saber, leia primeiro este jornal.

Teuscher não cabia em si. O que ele tinha nas mãos era um exemplar de um jornal antigo onde trazia a foto de Ben na primeira página como suspeito pela morte de Richard Làcond, um homossexual conhecido na cidade. E que polícia arquivara o caso por falta de provas. Ben Hallmann prestou depoimento de que ele havia passado toda à noite com sua esposa Steffany Hallmann.

-Por falta de provas arquivaram o caso - lia Teuscher em voz alta.

-E não é só isso não inspetor, leia tudo, até o final.

Teuscher havia lido, mas não estava entendendo onde Kling queria chegar.

-Sinceramente não achei mais nada interessante.

-Não achou mais nada interessante, inspetor? - repetia Kling as palavras de Teuscher. - O senhor não leu que Richard era conhecido como um homossexual? Isso não lhe diz nada, inspetor?

-Sinceramente não consigo ligar nada, Kling. Será que já estou ficando velho? - observou Teuscher sorrindo para o jovem.

-O seu amigo, o doutor Schneider disse que os corpos encontrados eram de homens, lembra inspetor.

-Sim, e daí?

-Mas que tinham a aparência de mulher, certo?

- Certo? Continue.

-Bem... inspetor..., tudo leva a crer que Ben Hallmann sempre gostou de se envolver com esses homossexuais.

-Ah, essa não Kling. Vê se aterrissa meu rapaz.

- Mas chefe, pensa com cuidado, tudo isso pode ter uma certa lógica. Leia aqui o que diz esse relatório sigiloso que eu consegui do internato onde ele aos oito anos foi convidado a se retirar. Adivinha o que foi que aconteceu? - insistia Kling. - E também chefe, veja esse jornal aqui da última festa do aniversário dele. Veja as fotos, sabe que tipo de grupo é isso aqui? São travestis. Isso prova que ele sempre esteve bem envolvido com esse tipo de gente.

-E o quê isso prova, Kling? Eu mesmo tenho um ótimo amigo que é homossexual e isto faz de mim um suspeito por ser amigo dele? - Falou Teuscher pensando em Robert.

-Não estou querendo dizer isso, inspetor e nem sequer tenho qualquer preconceito, mas estou comparando com os corpos encontrados.

-Kling, me deixe sozinho, que eu quero reler tudo, mas em paz - frisou Teuscher, querendo se ver livre de Kling e colocou os óculos.

Sozinho Teuscher lia e relia toda a papelada que Kling havia conseguido. Ele havia feito um levantamento muito bom sobre a vida de Ben Hallmann.

-Como foi que esse Kling conseguiu tudo isso? - Teuscher se perguntava agora. - Esse rapaz vai longe, mesmo que ele às vezes não diga coisa com coisa. Mesmo que de vez em quando ele tenha essas idéias malucas.

É claro que Teuscher iria analisar cada linha do que estava ali naqueles relatórios. Mas tudo isso não levava a nada, é certo que Ben Hallmann também poderia ser inocente e se assim fosse eles ainda estariam tateando no escuro.

Mas a vida de Ben Hallmann era muito promissora neste caso e ele não poderia descartar a possibilidade dele ser o assassino. Afinal de contas ele ainda não apareceu para prestar depoimento. Será que ele teria algum álibi? Fora disso, quem mais teria tanto dinheiro para custear uma pesquisa dessa?

-Onde será que ele estava na noite em que os corpos foram despachados? E nas mortes desses cientistas, onde será que ele estava? Isso será um caso dos infernos de difícil para se desvendar.

Já passavam das oito horas da noite e fazia um frio de rachar apesar do céu estrelado.

Muitas vezes após sair da redação do jornal Ben gostava de caminhar à beira do rio Reno. Era para lá que ele se dirigia e assim podia pensar livremente na sua Gabriella.

A aparência do rio não era muito bonita nesta estação do ano. Algumas barcas estavam ancoradas e numa delas ele resolveu entrar. Era um pequeno restaurante acolhedor, ele havia estado ali algumas vezes com ela.

-O de sempre doutor? - perguntou o garçom já conhecido de Ben.

-Sim, o de sempre, Brenner.

-E para beber?

-Hoje vou beber um John James Mc William.

Era o vinho tinto preferido de Ben, um Cabernet Sauvignon do sul da Austrália.

Ben após ter se deliciado com os medalhões de veado novo no molho de champignons, ainda permaneceu por ali algum tempo. O balançar da barca o deixava calmo.

Teuscher e Kling o haviam seguido. Um dos homens da equipe entrou no pequeno restaurante e pediu algo para comer enquanto observava Ben. Achou tudo muito gostoso e o ambiente calmo e tranqüilo. O agente disfarçado pensou em Teuscher e Kling lá fora na noite fria e chuvosa.

Já era tarde quando Ben tomou a direção do hotel onde ele estava hospedado. Teuscher e Kling o seguiam num Audi da polícia disfarçado. O fato de estar chovendo atrapalhava a boa visibilidade àquela hora da noite.

Eles perceberam pelo itinerário que Ben fazia, que ele não estava indo para casa. Certamente isso deveria ser coisa de gente rica, morar em casas separadas, pensava Teuscher.

Ben entrou na garagem subterrânea do prédio. Era um prédio bonito com a fachada toda em mármore preta com escadas arredondadas na frente.

-Que luxo hein, chefe?

-Isso é pra quem pode, meu rapaz.

Ben havia subido pelo elevador da garagem.

-Acho que por esta noite não temos mais nada o que fazer aqui, nós voltaremos amanhã com um mandado de busca. - complementou Teuscher.

Mas nem mesmo ele sabia o que estaria procurando ao certo. Com que direito ele iria bater à porta do senhor Hallmann e pedir para entrar com os seus homens para fazer uma busca? E o que eles estariam procurando? Teuscher se enchia de perguntas que ele no momento não poderia responder.

Mas se ele e Kling entrassem lá sem que ele viesse a saber?

Assim eles poderiam vasculhar todo o apartamento mais à vontade.

- Kling meu jovem, vamos voltar amanhã.

-Com um mandado, inspetor?

-Certamente com um mandado meu rapaz, pois se acharmos alguma prova, ela terá que ter valor judicial, mas nós vamos abrir a porta com aquela nossa chave especial. - falou Teuscher ligando o carro e dando partida. Nem sempre ele usava os métodos legais para descobrir o que ele queria.

Eram oito horas da manhã quando o telefone no quarto de Ben tocou, era Teuscher querendo se certificar se ele ainda estava no quarto. A recepcionista completou a ligação.

-Hallmann. - respondeu Ben ao telefone, mas nada ouviu do outro lado e isso o fez despertar.

Uma hora depois, Teuscher e Kling o viram sair da garagem subterrânea no seu Mercedes cor de prata.

Teuscher contou até sessenta, exatamente um minuto e depois subiu as escadas às escondidas do porteiro e da recepcionista para o quarto de Ben. Para desapontamento de Teuscher até agora eles não tinham encontrado nada de interessante no apartamento.

-Para um homem sozinho até que ele é bem organizado. - comentou Teuscher.

-Acho organizado até demais, inspetor. - comentou Kling maliciosamente.

Até que Teuscher estava gostando do que estava vendo por ali. Isso deu a ele uma outra visão sobre a pessoa de Ben. Teuscher pôde observar que cada coisa tinha o seu lugar. Os papéis bem arrumados sobre a mesa, as anotações feitas e ordenadas. Os envelopes das cartas abertas e possivelmente lidas ele havia jogado na lata do lixo.

O pijama enfiado embaixo dos lençóis e até os lenços de papel que geralmente são deixados em cima dos criados-mudos ao lado da cama, ele os jogou na lata de lixo.

-Chefe, achei as mesmas fotos que te mostrei ontem. - Kling o trazia à realidade. - Me diga agora se eu não tinha razão sobre as minhas suspeitas? Benjamin Hallmann realmente teve um caso com esse Richard Lacònd.

-Mas o quê o teria levado a matá-lo já que ele estava casado há bem pouco tempo com Steffany Gühmann uma mulher bonita, jovem e atraente?

-Isso é o que precisamos descobrir inspetor.

-Kling, quero controle cerrado de cada passo do senhor Hallmann, não quero que nada seja perdido. Não o perca de vista, mais cedo ou mais tarde nós acharemos algo bem mais comprometedor.

-Deixa comigo, chefe.

-E eu vou ter uma pequena conversinha com a senhora Hallmann. Vamos ver o que eu descubro.

Teuscher agora estava pensando que as coisas poderiam ter uma certa ligação. Parecia que as coisas começavam a clarear um pouquinho e poderia até ser verdade de que Ben Hallmann tivesse mesmo matado Richard Làcond e que o corpo encontrado tivesse uma ligação com ele, mesmo que essa ligação por enquanto fosse mínima possível. Tudo isso, não passava de suposições, mas o trabalho dele era assim mesmo: trabalhar em cima de suposições. E no momento ele não estava deixando passar nada sobre este caso.


******

- TEUSCHER X STEFFANY -

Teuscher chegou à tarde na casa dos Hallmanns mas Steffany não estava.

Ele fez assim de propósito, pois queria observar o ambiente.

Na sala de estar tinha um grande quadro de pintura a óleo de Ben. Teuscher ficou a observá-lo e o achou com os olhos profundamente tristes, um olhar vago e possivelmente com uma vida muito vazia pensou Teuscher. Se eu o conhecesse, diria que ele aqui neste quadro não conhece a palavra amor, vida e liberdade três grandes fatores que fazem a vida ter sentido. Um homem que tem tudo, mas com certeza nunca foi feliz.

Por que será que as pessoas ricas têm tantas dificuldades de ser feliz?

Teuscher estava assim absorto em seus pensamentos quando de repente se deu conta de que um furacão entrou pela casa a dentro. Era Steffany que chegava já arrancando as botas dos pés e jogando-as para um lado e gritando pela empregada para que lhe trouxesse um whisky. Admirou-se ao deparar-se com aquele homem desconhecido em sua sala.

-Quem é o senhor e o que o faz aqui na minha sala?

-Eu sou o inspetor Teuscher.

-Inspetor Teuscher? - Teuscher pôde sentir o tom irônico em sua voz. E estendeu a mão para cumprimentá-la.

A empregada entrou trazendo-lhe a bebida. Ao pegar o copo da bandeja ela sussurrou-lhe entre os dentes:

-Por que é que você não me avisou que tínhamos visita, sua imbecil?

A empregada amedrontada nada respondeu, pois conhecia Steffany muito bem e sabia das maldades que ela era capaz de fazer. Retirou-se com a cabeça baixa.

Teuscher percebeu a pressão que havia entre as duas mulheres.

-A que devo a honra da sua visita inesperada ins-pe-tor? Gostaria de beber algo?

-Não, obrigado, estou aqui a serviço.

-Entendo.

-Há quanto tempo a senhora e o senhor Hallmann estão casados? - ele só queria uma desculpa para quebrar-lhe a frieza.

-Iiiiiiih! Já nem me lembro mais disso inspetor. O senhor deve saber como é para uma mulher contar os anos de alguma coisa e principalmente os de casada, isto é o mesmo que dizer que ela está ficando velha.

-Sei.

Steffany tinha um olhar enigmático. Teuscher não conseguia captar que intenções teria ela debaixo daquele rosto duro e frio e ao mesmo tempo irônico. Ele não gostou dela. - Como alguém como Benjamin Hallmann poderia ter se casado com uma mulher assim? - pensou Teuscher. - agora posso entender o olhar triste do retrato.

Ele não conseguiu ir muito longe com Steffany. Ela lhe dera respostas muito evasivas e procurou logo despachá-lo dizendo que ela tinha muitas coisas para resolver que seria melhor se ele marcasse aquela entrevista para um outro dia e que não esquecesse de trazer um mandado. Ela foi clara, enfática, fria e categórica.

-E por favor inspetor, da próxima vez telefone antes de vir. Na minha casa as pessoas não vêm sem avisar, pois correm o risco de não me encontrar.

Petulante- Pensou Teuscher balançando a cabeça e ela já lhe dera às costas sem nem sequer esperar por uma resposta. Ele entendeu perfeitamente que a visita dele ali não fora muito bem vinda, isto estava mais do que claro.

******

- STEFFANY X GEORG -

Georg Hallmann é um homem bem sucedido, podemos assim dizer, ele estava satisfeito com os resultados da pesquisa de quem seria o favorito para as próximas eleições. O nome dele estava cotado no mais alto grau e estilo no congresso mesmo com os escândalos que ele tinha enfrentado nos últimos meses.

Georg havia se casado com a mulher certa para representá-lo bem diante da sociedade, fora disso, ela o amava loucamente. Acreditava e aceitava tudo dele sem pestanejar.

Karin jamais podia imaginar que ele e Steffany ainda se encontravam.

- E então Georg, ficou satisfeito com a entrega do produto? - perguntou Steffany .

-Fiquei assustado como vocês despacharam os pacotes.

-Fico contente que tenha sido assim. Mas isso não é tudo Georg. Você sabe que a operação está parada não sabe? E que nós temos data de entrega.

-Sei, mas o que é que eu posso fazer? Desde que o velho morreu, nós ainda não conseguimos acertar com a coisa. No começo você disse que iria ser fácil.

-É, porque pensei que os cientistas que estavam envolvidos sabiam de tudo.

-E agora temos a certeza de que nenhum deles sabia exatamente o quê o velho descobriu e onde ele escondeu a fórmula. - comentou Georg dando mais uma golada no seu whisky.

- Isso é que não. Nós sabemos que seu pai estava fazendo negócios com os australianos e que ele falou nos dados para eles, nós estávamos presentes, Georg.

-E se o velho blefou?

-Tão louco ele não era pra chegar a tanto e principalmente com aquele tipo de gente.

-E nós, não estamos blefando com os russos? Não aceitamos a oferta deles? - comentou Georg.

-Sim eu sei, pois pensei que Fränkel tivesse ido mais a fundo com as pesquisas. Eu achei que poderíamos tirar proveito da situação. - falou ela.

-Com quem será que ele deixou a fórmula? - perguntou Georg.

-Não faço a menor idéia. Será que ele não deixou com Ben?

Georg deu uma gargalhada.

-Com o santo do meu irmão? Não. O velho sabia perfeitamente que se ele soubesse de alguma coisa desse tipo, ele seria em primeiro lugar contra e segundo seria bem capaz de ir direto para a polícia e entregar o próprio pai.

-Precisamos descobrir onde ele escondeu esses dados o mais rápido possível.

-Ou então com quem ele deixou. - completou Georg.

-Você acha que ele seria capaz de confiar a alguém tamanho segredo?

-Acho. Primeiro que o velho estava muito desconfiado de nós. Ele sabia que nós estávamos querendo vender esses dados para alguém que nos pagasse mais. Por isso, ele já não nos dava mais as informações de como as coisas estavam andando.

-Mas também, o que os cientistas descobriram, ainda não havia sido o final de tudo. Eu me lembro que o último experimento não dera certo. Nós mesmos tivemos que despachá-lo agora junto com os outros corpos. - contestou Steffany.

-É, mas quem te disse que o velho parou aí? Com certeza ele tinha alguém no laboratório e acho que essa pessoa deve ter descoberto alguma coisa que estava errado com esses dados originais.

-Mas Klaus ainda não achou nada com os pertences dos cientistas assassinados.

- E quem te disse que essa pessoa está morta?

-Mas todos os que estavam envolvidos nessa pesquisa agora estão mortos.

-É o que você pensa minha cara.

-Não entendo Georg o que você está querendo dizer.

- Eu estou querendo dizer que o velho era muito esperto, talvez ele tivesse alguém de fora, da confiança dele e certamente ele convidou essa pessoa para revisar o que estava sendo feito pelos outros cientistas. Não se esqueça de que o velho era meu pai e que eu o conhecia muito bem.

-Mas como? No laboratório nada foi achado.

-Certo. Mas se uma outra pessoa, talvez em um outro laboratório estivesse também testando tudo o que estava sendo descoberto ao mesmo tempo...?

-Então existiria assim uma sexta pessoa envolvida no caso e que sabe muito mais do que todos nós até agora juntos conseguimos descobrir - concluiu Steffany.

- Acertou na mosca.

-E o que foi que nós conseguimos descobrir até agora?

-Nós sabemos que meu pai conseguiu descobrir a reprodução das células para manter o corpo jovem e saudável. Mas quem ficou com a fórmula? Onde ela está?

-Precisamos achar esses dados o mais rápido possível. Ou o melhor, precisamos achar essa sexta pessoa o mais rápido possível. Você viu qual foi o resultado dos nossos últimos testes, não viu? - falou Steffany acendendo um cigarro.

-Um verdadeiro horror. E o que vocês fizeram com os corpos foi pior ainda.

-Tudo tem o seu preço meu caro ou você preferia que fôssemos encontrados pela polícia?

- É claro que não, isso seria o fim de todos nós.

-Pois então, fizemos a coisa certa.

-Mas vocês precisavam arrancar-lhes os dedos e os dentes? - falou Georg.

-Se não fosse assim, não teria graça nenhuma. - respondeu Steffany sorrindo. Mas voltando ao assunto dos dados Georg, você não teria idéia de quem seria essa sexta pessoa?

-Meu pai tinha muitos contatos, vai ser bastante difícil. Eu vou ver se descubro nas coisas do velho, alguma pista, algum arquivo, sei lá. Talvez algo me tenha passado despercebido.

- Certo, talvez seu pai tenha mencionado o nome de algum cientista que ele confiava, sei lá. Quem sabe Arthur, pois afinal eles eram primos? Você acha que Arthur sabe de alguma coisa?

-Arthur? Não sei, pode até ser, eles sempre foram muito amigos. Eu me lembro bem quando Melanie morreu, ele se afastou por uns tempos do velho mas depois retornou e eles ficaram mais unidos do que nunca. Mas eu não sei se o meu pai confiaria esses dados a ele. Mas mesmo assim vou tentar descobrir alguma coisa, e você faz o mesmo. Agora preciso ir, os pais de Karin chegam essa tarde para passarem o fim de semana com o neto.

-Mais uma coisa, a polícia andou me visitando - disse Steffany.

-Deixa-me adivinhar. Um tal de “Inspetor Teuscher”. - disse Georg sorrindo.

-Então ele andou visitando você também. E o que é que ele queria?

-Queria saber do meu irmãozinho.

-E você?- quis saber Steffany curiosa.

-Fui evasivo, afinal Ben é meu irmão e se falo alguma coisa contra ele, posso levantar suspeitas. Não, minha cara, tão tolo eu não sou. Deixei transparecer que vivemos todos harmoniosamente e que se Ben anda fazendo alguma coisa errada eu não sei de nada, não vi nada e sou o irmão mais inocente do mundo e que estou muito preocupado com a minha carreira política.

-Muito bem. Mas acho que precisamos tomar cuidado com esse cara, eu não quero que ele vá muito longe. Principalmente agora que estamos na reta final da transação.

-Nisso você tem toda a razão. E por falar em tomar cuidado: Como o casaco de Ben foi parar naquele maldito corpo daquela bicha com quem seu irmão tinha uma caso? Eu não gostei nada disso. É por isso que a polícia está nos rondando agora. Foi um erro muito grave do Klaus.

-Eu sei, eu também não gostei nada, nada. Klaus nunca fez uma burrice na vida. Acho que ele estava apaixonado por aquela lombriga, ele não pensou muito. Klaus deve ter enlouquecido ao ver o corpo de Clóvis jogado no chão frio e com pena jogou sobre ele um de seus casacos. O que ele não sabia e nem podia adivinhar é que se tratava do casaco de Ben.

-E como ele tinha o casaco de Ben com ele? Isso foi armação de vocês, Steffany. Vocês planejaram culpar Ben, foi isso?

-Claro que não, Georg. Acho que eles devem ter trocado os casacos e nem sequer percebido. Você sabe que eu os dei de presente na ocasião do natal. Ben mandou colocar o nome dele no bolso de dentro. Ele faz isso com todos os casacos dele, você sabe.

-É, mas Ben bem que pode se lembrar que Klaus também tem um casaco igual.

-E você acha que homens se lembram de pormenores? E por outro lado isso já faz algum tempo. Não, não, eu não acredito que Ben vai se lembrar de alguma coisa.

-Isso poria tudo a perder, você sabe.

-Sim, eu sei Georg. Logo que descobrirmos o paradeiro desses malditos dados vamos colocar a mão naquela bolada e desaparecer do mapa. E você, já fechou negócio com o pessoal que está vendendo a ilha?

-Tudo finalizado, a ilha nos pertence.

-Ótimo.

Steffany estava com os seus pensamentos voltados para Arthur, ela não descartou a possibilidade dele saber mais do que ela pensava. Por isso, ele ainda não poderia ser carta fora do baralho. Ela precisava falar imediatamente com Klaus, antes que fosse tarde demais.