segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Capítulo 23

STEFFANY X BEN


Ben havia cochilado ali mesmo no sofá. O barulho do toque do telefone o despertou. Por um momento ele não sabia direito onde estava, nos últimos dias ele mal havia pregado o olho.

-Ben, é Steffany falando. Eu sei que você tem algo que nós queremos e nós temos duas pessoas que você quer.

Ben não podia acreditar que eles novamente tomaram o controle da situação. Mas como? Ele ouviu a voz de Gabriella.

-Sinto muito Ben - Falou Gabriella.-

-Vocês estão bem? - quis saber.

Havia um tom de preocupação na voz dele, e ela pôde perceber.

Gabriella estava amedrontada, por outro lado furiosa e emocionalmente exausta com aquela situação.

Ela precisava se acalmar por causa do filho que estava no quarto ao lado e que chorava de medo querendo Karin, a sua mãe, e o pior ainda, ele não podia entender o que estava acontecendo. Steffany já tinha o telefone novamente sob controle enquanto Gabriella estava sendo conduzida para junto de Victor.

-Ben, seu prazo termina esta noite. Eu sei que você encontrou os dados e não tente me enganar e nem sequer me passar para trás. Eu quero que você os traga esta noite.

-Onde? - perguntou ele. -

-Você sabe onde o barco do seu pai está atracado, não é? Vamos nos encontrar lá digamos às 20:00 horas e não banque o engraçadinho, não avise a polícia. Desta vez eu não vou te dar chance nenhuma se alguma coisa sair errado a sua Gabriella morre. Entendeu?

-Fique tranqüila, eu vou fazer como você quer. Mas que nada aconteça...

Steffany já tinha desligado o telefone. Ela sabia que ele agora estaria desesperado, se sentindo impotente, sufocado com toda a situação, sem poder agir de uma outra maneira. Ela o conhecia bem, ele não sabia lidar com coação.

Por outro lado ela sentia muito ter que usar Victor para os seus interesses, ela gostava do menino, afinal ele é filho de Ben e sinceramente não queria que nada lhe acontecesse. Mas ela não tinha outra opção, a cabeça dela e de Klaus e até mesmo a de Ben estavam em jogo. A de Georg também, mas ela queria que ele se danasse.

Os australianos foram categóricos na noite passada ao telefone. Chegaram mesmo a ameaçá-los. Ela sabia que eles tinham homens espalhados por toda a parte acompanhando tudo bem de perto. Foram eles que eliminaram os patologistas que estavam envolvidos no caso dos corpos deformados encontrados pela polícia. Eles infiltraram agentes disfarçados dentro dos laboratórios para que cada passo dos patologistas fosse seguido por eles.

Tudo tinha começado quando eles souberam que as experiências feitas por ela e Georg não dera certo e que para se desfazer dos corpos deformados Steffany tivera a feliz idéia de despachá-los daquela maneira. Por causa disso, eles estavam eliminando um a um, eles não queriam deixar testemunhas para este caso.

Steffany temia por ela mesma e por Ben, ela sabia que havia se metido com gente da pesada e que seria difícil sair dessa. Ela e Klaus tinham outros planos para os australianos, mas ela não sabia se teria tempo para fazer o que planejaram.

Eles encontraram Karin sem sentidos no chão da sala.

Ben estava mesmo apavorado com o telefonema de Steffany, ele jamais se sentiu assim na vida. Agora não só a vida da mulher que ele ama estava em risco como a vida do seu filho também.

Assim que Teuscher dera por conta de que um dos seus homens foi achado morto no carro da polícia no estacionamento do hospital ele entrou em contato com Ben e ambos se dirigiram imediatamente para o apartamento onde Gabriella estava escondida com o menino.

De lá, Ben tentou localizar Arthur e Markus, mas tinha sido em vão. Tudo o que ele sabia é que a operação seria no dia seguinte.

Teuscher juntamente com sua equipe havia conseguido saber que eles tomariam o avião das 7:45 no aeroporto em Düsseldorf com destino a Zurique. O que ele não acreditava, pois eles seriam um alvo fácil demais. Teuscher desconfiava que tudo não passava de um disfarce, mas mesmo assim ele queria estar a postos caso eles tentassem embarcar.

Por outro lado se alguma coisa saísse errada ele havia alertado a polícia do aeroporto em Zurique e esta estaria preparada se eles desembarcassem por lá.

Teuscher tinha enviado fotos de todos eles e um pedido de prisão a nível internacional. A Polícia Federal Suíça verificou o pedido de ajuda e ação, eles iriam colaborar com os amigos alemães. Os policiais suíços receberam ordens específicas de que o controle fosse extremamente rigoroso.

Fora disso, um outro grupo de policiais foi deslocado para a estação de trem na Basiléia por causa da fronteira com a Alemanha e Suíça. Caso eles tentassem embarcar no trem noturno ou até mesmo através do aeroporto Basel - Mülhausen localizado em terras francesas na divisa entre a Suíça e a Alemanha. Tudo isso Teuscher pediu para a polícia suíça, ele dera ordens de que todas as pessoas que embarcasse nos trens com destino à Alemanha que fossem revistadas e que os suspeitos deveriam ser detidos. Principalmente se um grupo de australianos ou russos estivesse a bordo. Teuscher sabia que toda a operação seria muito trabalhosa, principalmente porque ele não poderia estar em todos os lugares ao mesmo tempo para controlar tudo pessoalmente. Teria que ser um trabalho de equipe para que tudo desse certo.

Mas a situação que agora se apresentava modificaria em muito os seus planos. Antes ele não contava com reféns e principalmente que um dos reféns fosse uma criança. Tudo isso iria dificultar e muito a ação deles.

-Senhor Hallmann, o senhor precisa me dizer a verdade, se o senhor encontrou os tais dados que eles estão querendo?

Ben permanecia calado olhando o apartamento vazio.

-Eu quero ajudá-lo senhor Hallmann. Com essa gente não se brinca. Todos vocês estão correndo um risco muito grande.

Ben sabia disso mais do que ninguém, por isso nada diria. Ele queria Gabriella e o filho vivos.

-Vamos esperar que eles façam contato inspetor. Respondeu Ben, sem olhar diretamente para Teuscher, pois ele tinha medo de que com a experiência que o inspetor tinha ele percebesse que ele lhe escondia alguma coisa. Mas Teuscher não acreditou nele. Ele sabia que Ben deveria estar sob pressão e apavorado com aquela situação e por isso com certeza não lhe diria a verdade. E quem não estaria apavorado? pensou ele.

Ben percebeu que estava sendo seguido, certamente Steffany e sua gang queriam ter absoluta certeza de que ele não alertaria a polícia, mas ele estava enganado, era a gang australiana.

Um telefonema de Kling a Teuscher e ele imediatamente se dirigiu para a delegacia. Chegando lá Kling já o esperava na porta.

-O que você descobriu Kling?

-O senhor se lembra chefe, quando estivemos na mansão dos Hallmanns e que no escritório onde fomos recebidos havia uma coleção de caravelas? - Teuscher balançou a cabeça numa afirmativa e logo em seguida deu sinal para que Kling continuasse. - Lembra chefe dos corpos que foram encontrados? Todos eles tinham uma tatuagem de um barco antigo. - falou Kling apresentando as fotos que eles fizeram na ocasião em que o corpo na Altstadt fora encontrado.

-Sim, isso nós também já sabemos pelo senhor Hallmann que o pai dele queria deixar a sua marca registrada nos corpos. Se isso é tudo o que você tem pra me apresentar, é muito pouco meu jovem. - falou Teuscher irritado com Kling e sem paciência jogou as fotos de lado, pois ele tinha a cabeça cheia com os últimos acontecimentos.

-O bom vem agora chefe. Freddy Hallmann, tinha uma frota de três barcas e elas foram adaptadas em estilo de caravelas. O cara deve ter gasto uma grana pra fazer tudo isso. Veja como elas ficaram.

-Não me admira que ele precisasse estar metido com esse tipo de gente, vivendo dessa maneira. - falou enquanto observava as fotos.

-Pois é, naquela noite a senhora Steffany Hallmann, nos deu uma grande dica. De que Freddy Hallmann, era um grande admirador de Alexandre Magno, lembra?

-E que o grande sonho de Freddy Hallmann era fazer a mesma viagem que ele fez. - completou Teuscher empolgado.

-Isso mesmo, chefe. Ele era um homem de grandes aventuras, falou a senhora Hallmann.

-E o que foi que você descobriu?

-Que o velho Hallmann, iria embarcar para essa grande aventura numa dessas barcas.

-Ele era mesmo um doido. E daí?

-Daí chefe, que a senhora Hallmann e sua gang podem muito bem estar com o menino e a senhora Kolberg numa dessas barcas.

-Pode ser. Mas em qual dessas? E onde elas estariam atracadas nesse momento?

-Uma delas aqui mesmo na Alemanha, em Colônia para ser mais exato.

-E as outras?

-Isso ainda não deu pra descobrir, chefe.

-E essas barcas pertencem a quem agora?

-Advinha, chefe.

-A Georg Hallmann. - arriscou Teuscher num palpite.

-É bom trabalhar com gente inteligente, inspetor. - brincou Kling.


******

- FREDDY HALLMANN -

Ben havia chegado pontualmente ao local combinado com Steffany.

Teuscher e seus homens já estavam lá, Ben sabia disso, eles haviam combinado tudo antes. Inclusive Teuscher o avisou do perigo que ele estaria correndo. Mas Ben não tinha alternativa. Só esperava que tudo saísse como Teuscher e ele haviam planejado.

Ele estava preocupado com Gabriella e Victor, tudo o que ele queria era que essa história terminasse o quanto antes.

Ele tinha tentado horas a fio entrar em contato com Markus Krämer e Arthur, mas foi tudo inútil. Ele ouviu passos, era Steffany chegando.

-Olá Ben.

-Onde eles estão?

-Você não avisou a polícia, não é? - falou ela olhando para fora.-

-Eu disse a você que viria sozinho...e vim - falou Ben raivoso.

-Calma, eu primeiro quero ver a mercadoria. Onde está?

-Eu primeiro quero saber se eles estão vivos, senão nada feito. - falou Ben friamente.

-Ben, você não está numa posição muito boa para dar ordens. - falou Steffany.

-E você também não, minha cara.

-Você está mudado Ben.

-Vocês me mudaram.

Steffany percebeu pelo tom da voz dele que ele não estava brincando, mas ela não iria se deixar intimidar. Ela colocou um lap top sobre a mesa da barca e o ligou.

-Os dados Ben. - falou esticando as mãos.

-Onde eles estão? - perguntou ele novamente mas dessa vez entre os dentes.

-Como vou saber se você não está blefando?

-Como vou saber Steffany se você não está blefando? - repetiu ele em tom de deboche e pouca paciência.

Nesse momento ele ouviu barulho lá fora.

-Não se assuste, é Klaus com a sua pequena italiana e o pirralho.

Ben fez um movimento como que querendo se certificar se era verdade o que ela estava dizendo. Eles apareceram na proa da barca. Gabriella tentou gritar alguma coisa para ele, mas Klaus foi mais rápido que ela e tapou-lhe a boca.

-Nada disso meu caro. Você fica aqui. - ordenou Steffany.

-Finalmente com algum esforço Gabriella conseguiu desvencilhar a mão de Klaus de sua boca e gritou. Ben ouviu Gabriella chamá-lo e ficou mais desesperado ainda.

-Agora os dados. - disse Steffany friamente fazendo um movimento com as mãos de que estava esperando impacientemente. Ela tinha medo de que a gang australiana aparecesse.

Ben foi até ao quadro que estava pendurado numa das paredes da barca.

Era um quadro com a cara de um belo garanhão que seu pai o denominava de “Bucéfalo”. Assim como Alexandre o Grande tinha verdadeira adoração pelo seu cavalo no qual virou a sua inseparável montaria, Freddy também optou pela companhia de seu Bucéfalo na parede da barca e no Hall da redação do jornal.

-Como não pensei nisso antes! Ele sempre foi fascinado por tudo que tinha a ver com Alexandre. - comentou Steffany vendo que Ben abria o quadro na parte de trás e tirava de lá o disquete com os dados.

-Ela estava pensando que os dados estiveram ali o tempo todo. Melhor assim, poupava a Ben maiores esclarecimentos.

-Aquele velho idiota tinha cabeça! Passe-os para cá, quero ver se você não está me enganando. - pediu ela.

Na tarde em que Ben deixou a casa dos pais de Karin, ele saiu de lá muito pensativo. Se não fosse o pai dela falar com ele por enigmas ele jamais iria pensar no enigma do cavalo. Ben havia se lembrado que seu pai poucos meses antes de morrer mandou colocar no Hall de entrada da redação do jornal a estátua de um cavalo. No dia da inauguração ele havia dito diante de todos naquela ocasião que o bem mais precioso que ele tinha no momento era aquele cavalo. Todos riram na ocasião. Ben podia ainda lembrar-se de como ele o olhou profundamente quando pronunciou aquelas palavras. Naquela ocasião Ben jamais poderia imaginar que o pai estava correndo risco de vida. Na época ele achou tudo aquilo um verdadeiro absurdo. Imagine que o bem mais precioso que alguém possa ter seria a estátua de um cavalo? Principalmente partindo de um homem que tinha tudo como o pai dele.

Mas Ben também achou que em se tratando de Freddy, ele poderia esperar tudo, e não deu a mínima para o que o velho falou naquela inauguração que na verdade para ele tinha sido uma tremenda chatice.

Ele tinha procurado por todo o subterrâneo, quando resolveu subir com o elevador até o andar térreo, e sem um motivo palpável ele se viu diante daquela nova estátua que seu pai tinha mandado fazer.

Seus olhos começaram a ler os nomes que estavam escritos na placa que ele conhecia muito bem, pois da mesma maneira ele quando era criança gostava de fazer. Ao terminar a leitura Ben observou que embaixo do último nome vinha uma frase completamente sem sentido. Mas que agora poderia fazer uma enorme diferença. Ben a leu em voz alta.

“Hier bin ich.” O que significa: Aqui estou eu.”

É claro que Freddy havia deixado uma grande pista diante de todos, mas ninguém havia entendido ou percebido.

Agora que Ben conhecia a verdade sobre o pai, ele tinha absoluta certeza que Freddy ao falar assim naquele dia queria dizer onde ele tinha escondido os dados. Por isso ele tinha dito que aquele cavalo era o bem mais precioso que ele tinha.

Alguns meses depois daquela inauguração Freddy morreu. Ou o melhor, pensava Ben agora: Ele havia sido assassinado.

Ele correu até o carro que estava estacionado na garagem e lá pegou uma pequena mala que continha várias chaves de fenda. Tornou a subir para o térreo e experimentou as chaves, até que uma encaixou nos parafusos pequenininhos que a prendiam. Ao retirar a placa, Ben achou a antiga placa que ele gostava de ficar lendo, mas esta não tinha parafusos que a prendiam dos lados, bem no meio, centralizado havia uma fechadura.

- E agora? - pensou Ben.

Como ele abriria aquela fechadura? Sua mente estava agitada e seus reflexos eram rápidos e ele imediatamente se lembrou da conversa que ele e Arthur tiveram no dia em que eles desceram até o subterrâneo. De que seu pai havia deixado a chave mestra para ele e com essa chave se abria todas as portas, janelas e tudo o mais naquele prédio.

Ben imediatamente enfiou a mão no bolso esquerdo da calça e tirou de lá o molho de chaves, entre tantas ele pegou a chave mestra. Suando, respirando fundo e pesado, ele enfiou a chave no orifício da fechadura, fechou os olhos com força como que buscando coragem e só então girou. Ele soltou a respiração e abriu os olhos, nada havia acontecido. A fechadura não se moveu. Ele novamente se lembrou das palavras de Arthur.

Freddy gostava de segurança, por isso para se descer até o subterrâneo ele pensou nessas chaves especiais, mas elas precisam ser giradas em sentido contrário do relógio. Ben agora estalava os dedos para lhe aliviar a tensão, desta vez ele estava com os olhos abertos, mas prendeu a respiração. Lentamente ele girou a chave no sentido contrário, uma, duas vezes e a segunda placa se soltou e lá dentro havia um orifício com um envelope.

Ele o abriu imediatamente, enfiou a mão e puxou para fora o disquete. Dentro do envelope tinha também uma pequena carta de Freddy endereçada a ele.

Ben, meu filho, me perdoe pelas injustiças que cometi com você e por tê-lo envolvido em tudo isso. Eu sei que você vai conseguir, pois você é um homem forte, corajoso e inteligente. Pena que eu, tão cego e estúpido não percebi isso antes.

Com amor, seu pai, Freddy.

Ben tinha lágrimas nos olhos. Que bom seria se eles tivessem tido tempo de se falar, de se conhecer, de se abraçar.

Ben sequer podia lembrar-se da última vez que eles se abraçaram. Ele chorava sua dor enquanto colocava a placa no lugar.

- Quanto tempo desperdiçado, pai. Mas mesmo assim estou orgulhoso de você. Ao menos no final de tudo isso você se preocupou em esconder os verdadeiros dados de Georg e Steffany - pensou Ben.

Mas por outro lado, essa atitude do pai dava a Ben a certeza de que Freddy sabia perfeitamente que ele não sairia vivo dessa história. E isso doeu nele.

Um barulho na barca o trouxe de volta à realidade.

Steffany sabia que não poderia ser Klaus, pois eles combinaram que logo que Ben pudesse ver Gabriella e o menino de longe ele os tornaria para uma outra barca que estaria ancorada ao lado da de Freddy.

Por outro lado Ben não sabia o que pensar, tudo o que ele sentiu foi Steffany puxando-o para junto dela, então ele entendeu que não poderia ser Klaus de volta com Gabriella e Victor. Mas quem seria? Ele comecou a pensar que só podia ser Teuscher, Kling e mais uma dúzia de policiais. Steffany tirou da bolsa uma pequena pistola e apontou diretamente para a cabeça de Ben.

-O disquete com os dados Ben. - gritou ela. - Me entregue o disquete.

Ben ainda a olhava quando eles ouviram uma voz já conhecida.

-Abaixe a arma, senhora Hallmann. - gritou Teuscher segurando a sua arma.

Steffany não se deixou intimidar e mandou fogo para cima do inspetor, por pouco ela não o atingiu na cabeça, a bala passou de raspão em sua orelha fazendo um zumbido tremendo, o que ele abaixou-se imediatamente. Ela tinha uma ótima pontaria, pensou Teuscher. Se não fosse o seu reflexo rápido, ele agora seria um homem ferido agora.

Os homens de Klaus imediatamente começaram a abrir fogo sobre os homens de Teuscher. Klaus dava ordens a seus homens para terem cuidado com Steffany, pois ela estava na barca.

Ben estava desarmado, ele na pressa de sair esqueceu de pegar a arma que fora de Freddy e agora Steffany mirava-lhe a cabeça.

-Inspetor. - gritou Steffany. - Eu no seu lugar mandaria os seus homens irem embora.

-Me dê um motivo plausível. - rebateu ele.

Ela sorria.

-Posso lhe dar até mais se o senhor desejar. Tenho na minha mira a cabeça do senhor Hallmann.

Teuscher sabia disso. Ele sabia também que ela era fria e que com certeza ela estava desesperada para obter aqueles dados custasse o que custasse. Mas ele precisava ganhar tempo.

-Eu também sei que ele é seu marido.

-Mas só no papel, com certeza ele já deve ter-lhe contado tudo.

-Mas eu também sei senhora Hallmann, que para a senhora esse casamento não é só no papel.

Teuscher já havia percebido que ela o amava. Ele havia descoberto o seu segredo. Por alguns segundos Ben pôde ver nos olhos dela um brilho diferente, como se fosse chorar. Por outro lado Steffany viu ali a possibilidade dela confessar o seu amor por ele e quem sabe depois que toda essa história terminasse ela poderia conquistá-lo...

-O senhor não é só um homem esperto, senhor Teuscher, mas também muito inteligente. O que Ben nunca conseguiu ver em todos esses anos, o senhor em pouco tempo conseguiu.

Ben estava surpreso.

-Steffany! - Ben estava surpreso com aquela revelação.

-Eu o amo Ben e não vou abrir mão de você. - mas pouco segundos depois lá estava Steffany dirigindo-se ao inspetor novamente. - Por outro lado inspetor, eu sei que o senhor não iria pôr em risco a vida de uma criança inocente, não é mesmo?

Teuscher por alguns momentos ignorou que ela poderia usar a vida do menino para chantageá-lo. E ela continuou falando.

-Por isso inspetor, dê ordens aos seus homens para cessar o fogo, eu vou sair com Ben e se alguma coisa me acontecer, a criança morre no mesmo instante, o senhor nem terá tempo de contar até três.

-Por favor inspetor, não faça nada. Eu quero o meu filho vivo. - implorou Ben.

Steffany percebeu a indecisão de Teuscher.

E de onde eles estavam, ela se levantou segurando Ben pela gola da camisa fazendo-o andar de costa para lhe dar proteção.

-Pegue o Lap top. - ordenou ela a Ben.

Teuscher gritou que o fogo deveria cessar e que Steffany deveria passar e que nenhum engraçadinho tentasse nada. Ela levava agora Ben como refém.

A bordo da barca que já a esperava ligada , Klaus deu ordens de saírem dali o mais rápido possível.

-Levem-no até a criança e a mulher, mas amarrado. - ordenou Klaus.

Ben mal podia acreditar que eles estariam juntos lado a lado.

Steffany o olhou profundamente, ela sabia que ele amava aquela mulher, ainda mais agora que ele sabia que ela lhe dera um filho. Um filho que ela nunca quis saber de dá-lo até que ela soube da gravidez de Gabriella.

-Scheisse! - balbuciou Steffany acendendo um cigarro e queimando um dos dedos.

-Tudo isso tá ficando arriscado demais, maninha.

-Eu sei.

Teuscher havia acionado o Departamento de Divisão de Inteligência para trabalhar nesse caso e agora eles lhe mandavam uma lista com 22 nomes australianos via e-mail que possivelmente estariam envolvidos e mais sete páginas resumidamente com as especificações de cada um.

Teuscher tornou a enviar essa mesma lista através de e-mail para a polícia nos outros países. Ele sabia que não dava mais para continuar sozinho cuidando deste caso, principalmente porque ele precisava de ajuda. Ele já havia pedido a ajuda da polícia na Suíça e ela, em vista das circunstâncias, se prontificou imediatamente em ajudar.

A maioria dos nomes que constava na lista foram identificados como filhos de criminosos de guerra nazista. De pais que no período da Segunda Guerra Mundial fugiram para a Austrália. Outros, eram filhos de cientistas que estavam envolvidos na replicação de genes na Tasmânia.

E agora depois de mais de quarenta anos esses filhos estavam querendo retomar o controle. Será que eles estariam querendo uma nova espécie de alemães? Pensou Teuscher, por isso tanto interesse nesses dados de reprodução das células?

Essa gente é perigosa, louca mesmo. Pensou.

O relatório incluía também que esses cientistas através de células preservadas já haviam conseguido replicar os genes de um desses DNA, mas não obtiveram sucesso, por isso a PSA, a Polícia Secreta Australiana, acreditava que eles tinham grande interesse nesses dados.

A PSA vinha trabalhando no caso mesmo antes dos corpos serem despachados na Europa. Mas quando isso aconteceu, então um dos agentes disfarçado conseguiu infiltrar-se junto ao grupo que estava interessado na compra desses dados, dando ênfase de que eles precisavam obter esses dados o quanto antes.

Mas, agora que o caso havia tomado essa repercussão, eles precisariam agir o mais rápido possível. Para isso, membros dessa polícia secreta chegariam a qualquer instante para dar reforço a Teuscher na operação na noite do dia cinco de fevereiro.

Teuscher bebia agora a terceira xícara de café em menos de uma hora, ele estava simplesmente de queixo caído com as informações. Eles tinham mais do que o suficiente para seguir em frente - pensou.

Ele se lembrou que zombou de Ben quando este lhe contara sobre a descoberta que seu pai havia feito.

- E não é que ele tinha razão?

Pensando agora em Georg Hallmann, Teuscher achou que ele tinha contatos influentes, mas por outro lado perigosos. Com certeza ele sofria pressão dos dois lados, por isso ele tinha pressa em concluir a operação.

Teuscher precisava se concentrar naquilo que ele já tinha nas mãos.

Ele também sabia que as provas que tinha, ainda não seriam suficientes para levar toda aquela gente à prisão, por isso ele precisaria ser cauteloso com esta operação de risco.