segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Capítulo 17

- BEN X STEFFANY X KLAUS -

Ben não sabia quanto tempo ele havia adormecido depois que recebeu a pancada na cabeça. Ele tinha a ligeira impressão de estar sendo carregado, mas não sabia para onde.

Ele estava deitado com a barriga para baixo e com os braços amarrados para trás em algum lugar, tentou se mexer mas viu que tudo lhe doía.

O colchão cheirava mal, mesmo que estivesse forrado. Ben observou que o quarto onde ele estava era pequeno. As paredes sem cor, apenas cimentadas. O chão também era de cimento puro. Havia uma mesa rústica de madeira com duas cadeiras e nada mais. Que lugar rude pensou.

Onde estaria, quanto tempo teria dormido, onde estariam os outros?

Ben não fazia a menor idéia, tudo aconteceu tão de repente. O que podia se lembrar é que ele havia chegado em seu quarto de hotel e ao acender a luz deu-se com Steffany.

Ele ainda podia se lembrar de cada palavra mesmo depois de ter recebido a pancada na cabeça. Steffany foi logo direto ao assunto.

-Não é mais segredo pra ninguém que eu estou atrás dos dados dessa maldita fórmula e que o seu pai fez questão de escondê-la. E a única pessoa que ele ainda poderia confiar é no filhinho certinho que ele tinha.

- Eu nunca fui o filhinho certinho do meu pai e ele não confiava em mim, você mais do que ninguém sabe disso. O filho querido do meu pai sempre foi Georg.

-Isso não é verdade, Ben. Com o tempo a velha raposa descobriu que você era o filho que ele sempre desejou ter, mas que infelizmente ele só descobriu isso muito tarde. Portanto, meu caro, - falou Steffany segurando-lhe o queixo enquanto Klaus pegava fortemente os seus cabelos puxando-os para trás fazendo-lhe doer - Você é o único que deve ter recebido do velho os dados.

-Eu não sei do que você está falando. - respondeu Ben entre os dentes.

-É claro que você sabe do que eu estou falando. Eu sei que Arthur já lhe contou toda essa história suja, com certeza você já foi visitar o subterrâneo e viu com os seus próprios olhos que tudo isso não é uma brincadeira.

-Subterrâneo?

- Não se faça de tolo Ben. - gritou ela. - Muita gente perigosa está envolvida nisso.

-Gente como vocês, você quer dizer.

-Não meu caro, gente muito pior que a gente. Gente que não brinca em serviço e que são altamente profissionais. - falou Steffany seriamente.

-Você tem razão, Arthur me contou tudo. - Ben pensou rapidamente no que ele poderia contar-lhe e no que ela poderia acreditar. Ele tentava um meio de ganhar tempo e tirar alguma vantagem daquela situação. - Ele também está atrás desses dados, mas eu lhe respondi de que nada sei a respeito disso.

-Ora, ora! Vejo que Arthur fez o seu trabalho direitinho. E eu pensando que ele era um traidor. - disse Steffany ironicamente puxando-lhe os cabelos para trás.

Steffany havia enlouquecido - pensou Ben. Ele podia ver a transformação no rosto dela, nos olhos dela.

-Você acredita no que ele está dizendo maninha? Pois, eu não acredito em uma só palavra.

Ele entao veio a pancada na cabeça e tudo ficou escuro de repente.

Ben se sentia exausto, o lugar era frio e úmido. Aquela posição em que ele estava não era nada confortável. O pescoço começava a doer-lhe. Ele não tinha a menor idéia de como toda aquela história iria terminar, mas podia imaginar que não seria muito boa.

De repente ouviu vozes do outro lado. - eles estão de volta pensou.

Ouviu o barulho da maçaneta da porta sendo girado e viu quando Klaus e Steffany entraram.

-Espero que você tenha tido bons sonhos. - cumprimentou Klaus ironicamente.

-Vá para o inferno! - respondeu Ben enquanto Klaus ria ironicamente puxando-o para pô-lo sentado numa das cadeiras.

-Ben - disse Steffany melosa - por que é que você não quer colaborar? - Ele permaneceu calado. Steffany continuou: - Você se lembra de Gabriella, não se lembra? Pensa nela ainda com certeza.

Steffany sorriu de maneira interrogativa para Ben, ele pôde compreender bem o perigo que corria, ela seria capaz de tudo, ele tinha absoluta certeza. Ela pôde ver quando a veia do pescoço dele estufou e o fez ficar vermelho. Se ele pudesse, ele a mataria, ela nao tinha dúvidas disso.

-Ela ficou muito assustada com sua história com Richard. - e deu uma gargalhada alta e profunda. - ela ficou horrorizada quando viu aquelas fotos. Pobre criança! - falou Steffany debochadamente.

-Você é nojenta Steffany.

-Não me importo o que você pensa sobre mim, mas você nunca soube o que aconteceu a Richard não é mesmo? Mostre-lhe irmãozinho as fotos de Richard.

E Klaus começou a passar as fotografias diante dos seus olhos. Primeiro foram fotos de Klaus possuindo Richard sexualmente, depois foram fotos de espancamento e tortura até que ele pôde ver pelas fotos que ele não suportou tamanha dor por muito tempo, principalmente conhecendo Richard do jeito que conhecia, e depois a morte.

Ben sabia muito bem o que lhe custara tudo isso, pois ele foi o principal suspeito na época. Quantas noites de sono perdidas tentando descobrir quem poderia ter-lhe feito tamanha crueldade, pois Richard não ofendia a ninguém. Agora ele sabia quem o havia matado...

-Você deve se lembrar do que aconteceu com a mãe e a vovozinha da sua querida Gabriella, não é?

Ben a olhou com olhos arregalados pelo medo.

-Você foi longe demais com essa história, Steffany.

-Pois tenha a certeza meu caro que nós iremos muito mais longe com essa história se for preciso. - respondeu-lhe com olhar ameaçador.

Ben forçou as mãos para ver se elas se soltavam, ele queria estrangulá-la, mas elas estavam firmemente presas e qualquer esforço para libertá-las seria em vão.

-Você sabe onde sua Gabriella está neste momento?

Ben estava cheio de pânico. Ele se negava a pensar que eles teriam feito alguma coisa com ela.

-Pois é, pelo que sei o avião que ela pegou na República Dominicana caiu no mar e não há sobreviventes. - disse Steffany maliciosamente saboreando o efeito das suas palavras.

-Mas nós sabemos não é irmãzinha? Zuuuummm! - e Klaus fez o movimento com os braços. - Direto para o mar.

-Nãããão! - gritou Ben descontrolado. Ele não podia imaginar que desta vez ele a tinha perdido para sempre. Há poucos dias ele voltou a ter esperanças de encontrá-la depois que Arthur lhe contou toda a verdade e agora eles novamente haviam feito algo e definitivo contra ela. As lágrimas escorriam grossas pelo seu rosto.

Num impulso ele se levantou e mesmo estando amarrado ele se jogou com fúria em cima de Klaus. Este por sua vez empurrou Ben e deu-lhe um soco no estômago. Ben perdeu o equilíbrio e caiu feio no chão, quebrando as pernas da cadeira onde agora ele estava sentado.

Ben sentia uma dor enorme no peito, alguma coisa queimava a sua garganta e sua respiração foi ficando cada vez mais ofegante. Ele não tinha mais nada, tudo tinha acabado, com a morte de Gabriella. Ele nem teve tempo de explicar-lhe as coisas. De contar a ela toda a verdade. De falar da inocência dele.

Steffany que a tudo assistia passivamente, continuou seu relato.

-Pois pode acreditar meu caro. Essa história não termina aqui. - disse Steffany trazendo-lhe de volta a realidade. - Klaus traga o vídeo. - ordenou ela.

Klaus apressou-se e colocou o aparelho em cima da mesa, Steffany o ligou. Ben estava jogado no chão com as costas recostadas na parede fria.

-O que é agora? - perguntou Ben.

-Você está vendo este lindo bebezinho? - disse Steffany.

Ben olhou para a tela.

-Ele é o filho de Karin e Georg. - falou Ben reconhecendo a criança.

- Nada disso meu caro, você pode imaginar que ele é seu filho com a sua amada?

- Meu filho? Não. Não me venha com mais um dos seus truques e apelações Steffi. - Ben não podia acreditar naquela história.

-Então veja você mesmo e tire as suas conclusões. - respondeu Steffany ironicamente.

E então Klaus começou a apresentar uma sessão de vídeos onde Gabriella aparecia grávida em seu apartamento. Ele pôde ouvir a voz da sua amada conversando com o filho ainda na barriga e contando-lhe sobre Ben o seu pai.

Ben chorava. Ele estava agora desesperado. Primeiro porque ele não sabia onde os dados poderiam estar e segundo, sendo esta criança o seu filho ele já podia imaginar o que viria pela frente.

As próximas cenas foi para ele mais doloroso ainda. Ele viu o nascimento do seu filho e do rapto na clínica em Lion.

De como Gabriella sofreu ao acordar e tomar conhecimento de que o filho havia morrido. Ben tinha o rosto branco como neve, os olhos fixos na tela e no canto dos olhos as lágrimas escorriam silenciosamente. Como eles tiveram coragem! Pensava ele agora e que tipo de monstro ele tinha como irmão.

As coisas estavam acontecendo tão rapidamente. Todo o seu mundo estava caindo. Por um lado ele tomou conhecimento da morte de Gabriella e por outro lado ele ficou sabendo que ela havia lhe dado um filho, um filho que ela mesma nem chegou sequer a amamentar e a embalar nos braços. Que crueldade! Como ela deve ter sofrido somente por amá-lo.

Steffany sentiu que ele podia ter uma crise de nervos ali mesmo, ela o conhecia bem. Ela sabia que ele não sabia lidar com situações como aquela. Afinal quem saberia, ela pensou. Ela o observava, ele deveria estar sofrendo demais com tudo aquilo. Mas ela não podia fazer nada, a vida dela também estava em jogo. E a vida dela era mais importante que a da Gabriella. Ao menos para ela.

-Já chega Klaus, ele já viu o bastante - gritou Steffany.

-E o vídeo do avião onde Gabriella estava, maninha, e que aterrissou no mar, não vamos lhe mostrar? - disse Klaus maldosamente e sorrindo como um louco desvairado. Eles eram perversos, pensou Ben. Eles não eram gente.

-Eu já disse que chega, seu cretino! - gritou Steffany descontrolada.

-Onde está o meu filho? - perguntou Ben tentando controlar as emoções.

-O seu filho tem agora quase quatro anos e ele está em lugar seguro e sendo muito bem cuidado. - respondeu Steffany. - A vida dele está em suas mãos. - falou ela com um olhar bem firme - Você não pode falhar, Ben. Eu nao vou te dar uma segunda chance. Você me entendeu?

- Como você pôde descer tanto Steffany?

-Ninguém desce mais de onde sempre esteve. É a vida meu caro. Tudo o que nós queremos é que você nos traga os dados.

-Mas eu não sei onde eles estão.

-Isso é um problema seu. - respondeu Steffany categoricamente. - Você faça a sua parte e nós lhe devolveremos o seu filho. Ele é tudo o que resta desse seu casinho com essa jornalistazinha medíocre.

Ela o olhou profundamente, ela teria dado o mundo se pudesse, para não tê-lo envolvido nisso tudo. Mas as coisas não aconteceram assim e agora ela precisava ir com isso até o fim.

- Vejo que você não conhece mesmo o seu irmão. Tudo isso nós já tínhamos planejado caso alguma coisa saísse errado, Ben.

-Mas e Karin? Ela também está envolvida nisso tudo? Ela sabe que o menino não é filho dela?

-Klaus coloque o capuz e amordace-o, é hora de deixá-lo andar com as próprias pernas.

- E para o seu bem senhor Hallmann, comece a sua procura já, você não tem muito tempo. E outra coisa: Deixa a polícia longe de tudo isso, pois eu não respondo por sua segurança. - intimou Klaus.

Ben queria matá-los, esmurrá-los até os ossos, mas tudo o que sentiu foi novamente uma pancada muito forte na cabeça e a vista escurecendo.